sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Estudo brasileiro sobre vacinação de bovinos em protocolos de IATF é destaque em congresso científico na França

Um estudo brasileiro comparando animais vacinados em protocolos de Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF) com bovinos que não receberam a vacinação chamou a atenção de pesquisadores que participaram da Conferência Anual da IETS (International Embryo Transfer Society), realizada no Palais des Congrés, em Versalhes, na França, de 10 a 13 de janeiro, com a participação de aproximadamente 600 pessoas de diversos países.
O trabalho, feito com 1172 vacas Nelore, provenientes de quatro fazendas localizadas no Mato Grosso do Sul, distribuídas em dois grupos na estação de monta 2013/2014, foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), em conjunto com veterinários de campo parceiros e veterinários do laboratório Biogénesis Bagó, de Curitiba (PR) e Lab Axys Análises Diagnóstico, de Porto Alegre (RS). O levantamento identificou que os animais vacinados de forma estratégica contra Diarreia Viral Bovina (BVD), Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR) e Leptospirose obtiveram taxas de prenhez superiores em protocolos de IATF. Os animais vacinados tiveram taxas de prenhez em IATF de 58,2% enquanto que o grupo de controle teve 44,7%, demonstrando um índice superior de 13,5 pontos percentuais ou um aumento de 27% em prenhez.
“O que mais me chamou a atenção durante o congresso foi notar que o interesse neste tema tem aumentado muito principalmente dentro da área acadêmica e científica. Pesquisadores renomados de diversos países, e principalmente do Brasil, discutiram os dados e o interesse em desenvolver novos trabalhos nesta área foi muito grande. Durante muito tempo as pesquisas foram voltadas a estratégias visando aumentar a fertilidade e a prenhez das vacas, porém poucos estudos se concentraram nas perdas gestacionais, especificamente nas relacionadas à sanidade. De certa forma há uma conscientização maior de que não adianta apenas termos altos índices de prenhez sendo que em algum momento estamos perdendo parte destas gestações”, observa o médico veterinário Lucas Souto, Gerente de Serviços Técnicos da Biogénesis Bagó, que esteve na Conferência da IETS para apresentar o trabalho.
“Cada vez mais tem se comprovado que um programa sanitário definido da forma correta ajuda na melhoria de índices reprodutivos e, consequentemente, produtivos, permitindo utilizar o conceito de reprodução com saúde, emprenhando mais vacas, na época certa, mantendo as gestações e minimizando as perdas”, salienta o veterinário.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Na verdade, produzir carne bovina é bom para o planeta, diz autora de livro

Por Nicolette Hahn Niman, autora do livro “Defending Beef: The Case for Sustainable Meat Production”
Vaca Caracú - Foto: Renata Pitombo


As pessoas que defendem a redução no consumo de carne bovina frequentemente argumentam que sua produção prejudica o meio-ambiente. Os bovinos, conforme nos dizem, têm uma enorme pegada ecológica: consomem água, prejudicam plantas e solos e consomem os preciosos grãos que deveriam estar sendo destinados à alimentação de seres humanos famintos. Ultimamente, os críticos têm culpado os arrotos dos bovinos, a flatulência e até mesmo sua respiração pela mudança climática.
Como vegetariana há muito tempo e advogada ambiental, já acreditei nessas afirmações. Porém agora, depois de mais de uma década vivendo e trabalhando no negócio – meu marido, Bill, fundou o Ninam Ranch, mas deixou a companhia em 2007 e, agora, temos uma companhia de carne bovina produzida a pasto – tenho uma visão oposta disso. Não é só que o alarme referente aos efeitos ambientais da carne bovina são exagerados. É que criar bovinos de corte, especialmente a pasto, representa um ganho ambiental para o planeta.
Vamos começar com a mudança climática. De acordo com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, toda a agricultura do país é responsável por apenas 8% das emissões de gases de efeito estufa, com, de longe, a maior parte se devendo à gestão do solo – ou seja, técnicas de cultivo. Um relatório da Union of Concerned Scientists concluiu que cerca de 2% dos gases de efeito estufa dos Estados Unidos podem ser relacionados com os bovinos e que o bom manejo diminuiria mais ainda isso. A preocupação primária é o metano, um potente gás de efeito estufa.
Porém, o metano dos bovinos, agora sob um estudo vigoroso pelas faculdades de agricultura de todo o mundo, pode ser mitigado de várias formas. Uma pesquisa australiana mostrou que certos suplementos nutricionais podem reduzir o metano de bovinos pela metade. Coisas tão intuitivas como o bom manejo do pasto e tão obscura quanto populações robustas de besouros coprófagos mostraram reduzir o metano.
Ao mesmo tempo, os bovinos são importantes para a estratégia mais promissora do mundo para conter o aquecimento global: restaurar o carbono ao solo. Um décimo de todas as emissões de carbono causadas por humanos desde 1850 vieram do solo, de acordo com o ecologista, Richard Houghton, do Woods Holem Research Center. Isso devido ao cultivo da terra, que libera carbono e retira da terra a vegetação protetora, e às práticas agrícolas que falham em retornar os nutrientes e matéria orgânica à terra. Terras cobertas por plantas que nunca são aradas são ideais para recapturar o carbono através da fotossíntese e para mantê-lo em formas estáveis.
A maioria dos bovinos de corte do mundo é criada a pasto. Suas bocas de poda estimulam o crescimento vegetativo, à medida que seus cascos que atropelam o pasto e seus tratos digestivos impulsionam a germinação de sementes e a reciclagem de nutrientes. Essas perturbações genéticas, bem como aquelas causadas pelos rebanhos selvagens que pastam, impedem a invasão de arbustos e são necessários para o funcionamento de ecossistemas de pastagens.
Uma pesquisa feita pela Soil Association, no Reino Unido, mostrou que se os bovinos são criados principalmente em pasto e se as boas práticas de produção são seguidas, carbono suficiente poderia ser sequestrado para compensar as emissões de metano de todo o rebanho de corte do Reino Unido e metade de seu rebanho leiteiro. Similarmente, nos Estados Unidos, a Union of Concerned Scientists estima que até 2% de todos os gases de efeito estufa (levemente menos do que o que é atribuído aos bovinos) poderiam ser eliminados pelo sequestro de carbono nos solos de operações a pasto.
O pasto é também uma das melhores formas de gerar e proteger o solo e proteger a água. O pasto protege o solo de erosão pelo vento e pela água, enquanto suas raízes formam um tapete que mantém o solo e a água no lugar. Os especialistas em solo descobriram que as taxas de erosão de campos agrícolas convencionalmente arados em média era de uma a duas vezes de magnitude maior do que a erosão sob vegetação nativa, como o que se encontra tipicamente em terras com pasto bem manejado.
Além disso, os bovinos não são consumidores vorazes de água. Alguns críticos ambientais de bovinos dizem que 2.500 galões de água (9463,52 litros) são requeridos para cada libra (cerca de 0,45 quilos) de carne bovina produzida – cerca de 20,8 mil litros de água para cada quilo de carne. Porém, esse dado (ou alguns ainda maiores frequentemente citados pelos defensores do veganismo) são baseados em situações mais intensivas de água. Uma pesquisa da Universidade da Califórnia, Davis, mostrou que a produção de uma libra típica de carne bovina nos Estados Unidos usa cerca de 441 galões (1669,37 litros) de água – ou 3,68 mil litros por quilo de carne -, ou seja, um pouco a mais só do que para a produção de um quilo de arroz, e a carne bovina é bem mais nutritiva.
O consumo de carne bovina também é acusado de agravar a fome mundial. Isso é irônico, uma vez que um bilhão das pessoas mais pobres do mundo dependem da pecuária. A maioria dos bovinos do mundo vive em terras que não podem ser usadas para cultivo agrícola e, nos Estados Unidos, 85% da terra que é usada para pastagem pelos bovinos não pode ser usada para agricultura, de acordo com o U.S. Beef Board.
O atributo mais marcante dos bovinos é que eles podem viver com uma dieta simples de pasto, que ele mesmo forrageia. Para proteger a terra, a água, o solo e o clima, não há nada melhor do que um pasto denso. Quando consideramos previsões de longo prazo para alimentação da raça humana, os bovinos certamente continuam sendo um elemento essencial.
O artigo é de Nicolette Hahn Niman é autora do livro: “Defending Beef: The Case for Sustainable Meat Production”, a partir do qual esse artigo foi adaptado, publicado no The Wall Street Journal.
FONTE: BeefPoint

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

2015 assume o lema “mais do mesmo” (como previsto)

A pecuária Goiana e Brasileira descrita por quem a vive e “carrega o pó da viagem”  (Edição #147, de 11 a 17/JAN/15)
1)      COMO ESTÁ O NOSSO TETO (SP/MS)?
Deixamos o último relatório postado aqui, pouco antes do Natal, com o indicador Esalq/BMF em R$ 142,55/@ (variando de R$ 141 a R$ 145), base av. Após finalizarmos o ano com R$ 143,75/@, voltamos nesta última sexta para R$ 143,31/@ av (variando de R$ 141,25 a R$ 145,50).
Continuando nossa recapitulação, o último texto de 2014 foi postado quando havia 3 semanas de baixa da @ no mercado, sequência ruim que foi quebrada pois as semanas do Natal e do Ano Novo foram de alta (leve). Esta semana passada, a inicial do ano, semana a qual se refere este texto, foi de baixa.
Em suma, o mercado flertou com a estabilidade, tendo ocorrido pouca coisa relevante em termos de preços, apenas alguns ajustes pontuais para cima, conforme havia sido aventado aqui no último informe: “nenhum movimento brusco é esperado. Aliás, é até possível tem um precinho para cima, em função de alguma indústria precisar tampar brechas”.
O mercado físico do final da semana marcava R$ 142 a 143/@ av (frigos grandes) até R$ 144 ou 145/@ (frigos pequenos), em SP.
As escalas, já sem o efeito dos feriados, estão entre a quinta 15/jan e a segunda 19/jan, levando a maioria dos frigoríficos ter como “DIA D” a SEGUNDA (19/jan) e o PLACAR médio de 4 dias úteis (entre o dia do acordo da venda e o do abate). O MS já tem a próxima semana mais bem resolvida. Desta forma, o STATUS DO BEEFRADAR vai para:

40% queda (leve) : 45% estabilidade : 15% para alta (leve)

2)      E AQUI, NA TERRA DO PEQUI?
O Estado de GO tem figurado com maior dificuldade que outros na questão do preenchimento das escalas, e este atual momento está alinhado com esta tendência recente. As escalas estão ainda “para dentro da semana” que se inicia (jargão de mercado), entre a próxima quinta/sexta, de modo geral, com preços de R$ 138av x R$ 140ap, com bônus EU de +R$2/@. São pouquíssimos os negócios “personalité” com sobrepreço acima da referência, pois “frigorífico não está com fome para fazer graça” (outro jargão), aliás, panorama geral no mercado.
A média semanal do diferencial de base com SP foi de – R$ 7,20/@, abaixo da média de 2014. Enquanto isto, o deságio da vaca em relação ao macho começa o ano abrindo e já marcando a média semana de –R$ 5,50/@, mostrando que aos poucos, começa a pintar animais acabados via pastagem.
3)      HORA DO QUILOnão tenho nenhuma dúvida que a grande maioria que lê este informe semanal gostaria que o atual Presidente do Brasil fosse outro. Baseio-me nas pesquisas de preferência feitas pelo BeefPoint por ocasião da última eleição. Portanto, não é fácil aceitar que o governo que aí está tenha tomado uma atitude correta.
O artigo do link a seguir aponta nesta direção. Nada de achar que não tenhamos à frente tempos difíceis e que tudo dará certo naturalmente. Mas temos que entender que não importa mais o que a nossa Presidente falou na eleição, mas sim o que passará a ser feito agora, por ela, e sobre tudo, pelos seus Ministros, em especial o da Fazenda. E outro ponto importante ligado a isto: “não há uma linha ética na política, mas uma faixa ética”.
4)      TO BEEF OR NOT TO BEEF: você, voltando das festas e um frigorífico mudou de mão… Não confunda JBS, J&F e JBJ. Entenda quem comprou o Mataboi. E uma coisa nós já sentimos nas redes sociais: uma dicotomia sobre a expectativa dos possíveis efeitos futuros desta “dança de cadeiras” para o produtor.
Uma parte do mercado entende como positiva a mudança, enquanto que outra tem restrições. O tempo nos dirá qual parte está correta. Tomara que sejam os otimistas. Veja o link:http://www.beefpoint.com.br/cadeia-produtiva/giro-do-boi/junior-jbj-compra-frigorifico-mataboi/
5)      O LADO “B” DO BOI:
5.1. A CONVERSA COM O PORTUGUÊS ADÃO
Nestas “mini-férias”, estive em SP e tive a oportunidade de conversar com o “Adão”, dono de um simples, mas bem sucedido, açougue de bairro no ABC Paulista, que tem como freguesia as classes C, D e E. Ele é um português “POI”, tradicional, daqueles que não abre mão de comprar carne com osso (“traseiro bom tem no mínimo 70kg”) e de ter o caderninho de fiado da freguesia. Da conversa com o Adão, foi interessante:
- notar que ela pesa as bandas recebidas do frigorífico pelo açougue. Conclusão: a relação de peso polêmica com o produtor, o frigorífico também tem com a outra ponta quanto a peso…
- notar que da mesma forma que o pecuarista, tem açougueiro que não quer comercializar com determinados frigoríficos “nem de graça”, ou seja, as preferências comerciais são fortes na “outra banda” também…
- relata 20% de queda na venda de carne bovina devido à arrancada do preço em 2014, volume de produto que ele acha ter sido substituído por suíno, ovo e sobre tudo frango, “como a Dilma falou”…
- notar que ele não vende “nem para o seu pai” nenhum kg de fraldinha, carne que ele destina exclusivamente para a produção dos seus espetos…
- observar que ele acha que a carne “não volta de preço e que em pouco tempo a carne de primeira não sairá por menos de USD 10,00/kg, como é nos EUA e Canadá”…
- ele precifica a sua carne de maneira simples: compra traseiro com osso à R$ 12,20/kg, preço sobre o qual ele adiciona 30% referente à quebra (“limpeza” e osso, que é vendido por R$ 0,10/kg), chegando em R$ 15,86/kg de carne sem osso. Sobre este valor, ele adiciona 50% que é a “margem que não abre mão”, chegando à cerca de R$ 24,00 a R$ 25,00/kg, preço de venda ao seu consumidor da carne de traseiro, em média.
5.2. A VISITA AO FEED
Outra visita à ponta final foi a que fiz ao açougue Feed, em SP, do Pedro Merola. Eu simplesmente recomendo, não dá para explicar. Na sua próxima oportunidade em SP, não deixe de ir, caso aprecie verdadeiramente carne. Veja no link: www.feed.com.br.
Coisa de primeiro mundo, no atendimento, local e sobre tudo na qualidade do produto. Provamos bifes de raquete, de ancho, bife de tira e baby-beef. Prepare-se para se surpreender com o alto consumo de carne pelos seus “clientes de casa”. Uma carne de qualidade tem o seu consumo aumentado em até 50%. E por último, além disto, o preço é honesto.

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5.3. MAIS DO MESMO
Finalizamos dizendo que pouca coisa de novidade apareceu nestes feriados de passagem de ano. A novidade foi a intensidade com que começou o ano de 2015, bem alta. Nos últimos textos tínhamos relatado:
  • Que seria um ano de instabilidade política: o atentado histórico que o terrorismo praticou no órgão da imprensa francesa repercute fortemente do ponto de vista internacional, da mesma forma, que a baixa do Petróleo (já em US$ 47,80), fatos de complexidade grande e enorme influência política internacional. Do ponto de vista interno, as apurações da Operação Lava-Jato aproximam empresas do nosso setor para o foco das investigações, mantendo cenário de turbulência no nosso para-brisa;
  • Que seria um ano de instabilidade econômica: apesar de eu concordar com o Luis Carlos Mendonça de Barros (link acima), no nosso para-brisa também está certo o encontro com o ajuste fiscal e econômico. Nas grandes cidades do ABC Paulista, o ano começa com demissões na indústria automobilística, planos de demissão voluntária e greves, evidenciando queda de cerca de 20% no setor, ocorrida em 2014. Isto é apenas um exemplo. O setor elétrico precisa de ajustes urgentes. Aumentos em contas da ordem de 30% são esperados. Eu nunca vi residências na grande SP com mais de 30h sem energia elétrica. Pois vi agora. Se a coisa está feia até em SP, imagina no resto do País… E a inflação continua… Fechamos 2014 com 6,41%, e advinha quem ganhou destaque, veja: http://g1.globo.com/jornal-nacional/edicoes/2015/01/09.html
  • Que seria um ano de instabilidade climática: tivemos um dezembro maravilhoso em termos de chuvas. Mas de 26/dez em diante, passamos a experimentar um veranico típico e de intensidade fortíssima. Tem regiões produtoras de soja já com 20d sem chuvas e perdas de 60% nas lavouras. Além da falta de chuva, a quantidade de horas de sol de altíssima intensidade, produz uma temperatura acima da média no País como um todo. Isto está afetando muito a produção de lavouras e capacidade de suporta das pastagens neste mês de janeiro, fundamental para a safra de ambos. Vejam o material. Não entendi muito, mas não gostei do que escutei:http://www.climatempo.com.br/videos/playlist/8/previsao-para-eventos-e-feriados
  • Que seria um ano de reposição firme: o bezerro inicia o ano até mais firme do que imaginávamos, já tendo renovado seu recorde da BMF: R$ 1.252,06/bez (base MS, cerca de R$ 195/@)
  • Que seria um ano de oferta contida: o final do ano confirmou a tendência. Companheiros de produção receberam ligações de compradores de boi no dia 30/dez, solicitando animais para embarque imediato. Não há perspectiva de aumento de oferta em 2015. A oferta está estável, flertando com a queda;
  • Que seria um ano de desafiador para a demanda: tanto internamente, quanto externamente, como está exposto acima, por apenas alguns dos motivadores.
No curto prazo, a semana inicia verdadeiramente o ano, e a indústria deve analisar o consolidado das vendas de carne das últimas semanas com a produção menor que certamente ocorreu. Este balanço deve sair a partir de segunda, mas algo nos sugere que poderemos ter a indústria recompondo estoques com muita ponderação (vendas de jan costumam ser fracas internamente, ainda mais neste ano, com os ajustes de tarifas públicas e impostos do início do ano). Enquanto isto, deve haver uma ligeira melhora de oferta em função de possíveis vendas represadas por parte de pecuaristas até então em viagens de final de ano.
No médio-longo prazo, o cenário para 2015 aponta para uma oferta de gado gordo estável/piorando levemente enquanto que ao mesmo tempo se depara com uma demanda rica de sinais mais consistentes de piora (ou pelo menos de incertezas profundas).
Resta-nos acompanhar a intensidade destes movimentos, e se estes sinais de incerteza na demanda, vão se concretizar. Lembramos que não expusemos ainda o nosso atual mercado (com oferta limitada de animais acabados) a um cenário menos pujante de consumo (aqui e lá fora). De toda a forma, acreditamos em um mercado mais distante de derretimentos de preços profundos, com maior probabilidade de ocorrência, em função dos fundamentos pecuários. Mas, certeza, ninguém tem. Por ora, assim é precificado pela bolsa, pois o contrato de maio está apenas R$ 3,81/@ mais barato que o indicador de hoje.
Nesta história toda, que veremos juntos ser desvendada, esperamos que o ano seja “mais do mesmo” também em relação à margem da atividade pecuária que tivemos em 2014… Tenhamos uma boa viagem… Portas de 2015 em automático…

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Artigo sobre a Síndrome da Exaustão Eqüina por Dr. Maurício José Bittar




Exaustão é uma síndrome caracterizada por transtornos físicos e mentais, desencadeados por exercícios físicos intensos em condições de calor e umidade elevados, ocorrendo devido uma sobrecarga ou falha no sistema de termorregulação eqüina. Durante a atividade física, em condições de temperatura e umidade elevadas, a termorregulação fica comprometida e o organismo eqüino apresenta dificuldades para conseguir eliminar o calor gerado pela musculatura exercitada, acrescido do calor ambiente. Quanto maior forem a temperatura e a umidade ambiente, menor será a perda de calor.


Dois mecanismos são utilizados pelo cavalo para promover a termorregulação:


Sudorese: A sudorese realizada pela pele, como no homem, trata-se do principal mecanismo. A eficiência da termorregulação eqüina através do suor dependerá da sua evaporação, a qual se tornará diminuída ou impedida se o ar estiver saturado de umidade.


Ventilação: Durante a inspiração, parte do calor corpóreo é transmitido da mucosa do trato respiratório superior para o ar, que ao chegar aos alvéolos é saturado com vapor de água. Na expiração parte desse calor volta para a mucosa e ocorre uma porcentagem de condensação da água. A diferença entre o calor transferido para o ar inspirado e o calor transferido de volta para as mucosas é o resultado da perda de calor pelo trato respiratório.


Quando corridas de cavalos, provas de enduro ou provas de fundo do Concurso Completo de Equitação são realizadas em climas extremamente quentes, aumentam concomitantemente as demandas de energia e irrigação sanguínea para a musculatura continuar a se exercitar, e para a pele promover a troca calórica. Para tanto, o sistema cardiovascular aumenta o seu trabalho, elevando a freqüência cardíaca e o volume sanguíneo ejetado pelo coração. Caso a perda de água e eletrólitos (sais orgânicos) através do suor for intensa, ou o cavalo apresentar-se levemente desidratado anterior a competição, o volume de sangue a ser movido pelo coração estará diminuído, a pressão arterial sofrerá queda e em resposta o coração irá trabalhar mais intensamente.


Com a diminuição do volume sanguíneo, o fluxo para a pele estará diminuído, assim como a sudorese, prejudicando a termorregulação; além disso, menor quantidade de substratos energéticos chegarão à musculatura e ao sistema nervoso central podendo levar ao colapso e morte.


Devido à deficiência na termorregulação, ocorrerá a hipertermia (aumento da temperatura corporal), a qual terá efeitos avassaladores sobre todos os tecidos orgânicos, principalmente, cérebro, coração, vasos sanguíneos, rins, fígado, pulmões e musculatura esquelética.


O rápido reconhecimento e o tratamento da condição reduzem a severidade da síndrome de exaustão.


Os animais afetados apresentam sinais de stress, fadiga significativa, desidratação, e elevação persistente da freqüência cardíaca e respiratória.


Nos animais com bom condicionamento físico e boa função do sistema termorregulatório, após um período de repouso de 30 minutos, a freqüência cardíaca deve baixar para menos de 55 batimentos por minuto, a respiratória para 25 movimentos respiratórios por minuto e a temperatura corporal para menos de 39,5° C.


Qualquer animal que apresente uma elevação significativa e persistente da freqüência cardíaca e respiratória, ou da temperatura retal, não deve continuar o exercício ao qual estava sendo submetido.


Estes animais devem receber pequenas quantidades de água fresca, em intervalos freqüentes, e permitido o acesso a uma comida palatável, além disso, devem ser observados de perto até a sua completa recuperação.


Cavalos que apresentarem uma elevação marcante da temperatura retal (maior que 40,5°C) devem ser resfriados o mais rápido possível. Banhos de mangueira com água fria sob a briza natural em um ambiente aberto auxiliam na perda de calor por convecção e evaporação. Atenção especial deve ser dada no resfriamento da cabeça, do pescoço e de grandes vasos subcutâneos entre os membros posteriores. Enemas com água fria e administração de fluidos via sonda nasogástrica também auxiliam na diminuição da temperatura corpórea.


A fluidoterapia deve ser instituída imediatamente nos animais que apresentarem sinais severos ou que não responderem de forma efetiva ao tratamento conservador dentro de 30 minutos. O volume exato e a via de administração irão depender da severidade dos sinais clínicos. Na grande maioria das vezes a via de eleição é a intravenosa, e o volume a ser administrado pode ser superior a 50 litros de solução isotônica.


Os animais afetados por síndrome de exaustão não devem ser transportados nas 12 a 24 horas subseqüentes, porque uma alta atividade muscular está associada ao transporte prolongado, o que aumenta os riscos do desenvolvimento de problemas pós-exaustão. Isto inclui problemas musculares severos, laminite (aguamento) e falência renal.


Os riscos de um animal desenvolver síndrome de exaustão são reduzidos com uma preparação adequada e um manejo cuidadoso durante as competições, sempre levando em conta os efeitos das condições climáticas (umidade relativa do ar e temperatura ambiente) durante o evento.


Referências Bibliográficas


MCCONAGHY, F. Thermoregulation. In: HODGSON, D. R.; ROSE, R.J. The Atletic Horse. Philadelphia, U.S.A.: W.B. Saunders, 1994. p. 181-199.


MONREAL, L.; SEGURA, D. Urgencias metabólicas post-esfuerzo. In: BARCELONA, F.V.; MONREAL, L. Consulta de Difusión Veterinaria. Valencia, Spain, v. 08, p. 47-56, 2000.


CLAYTON, H. M. Endurance Racing. In: Conditioning Sport Horses. Saskatoon, Canada, v. 18, p.213-228, 1991.




Dr. Mauricio José Bittar é Médico Veterinário oficial da ABHIR (Associação Brasileira de Hipismo Rural) e atua nas áreas de Clínica, Radiologia, Anestesiologia, Odontologia e Medicina Esportiva Eqüina.




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FONTE : http://www.n1cavalos.com.br/node/21256

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Prazo para recolhimento de Contribuição Sindical Rural vai até dia 31


Tributo parafiscal deve ser pago por todos os produtores rurais, pessoa física ou jurídica



Os agricultores de pessoa física e jurídica têm até o dia 31 de janeiro para efeturar o pagamento da Contribuição Sindical Rural referente ao ano de 2014. A cobrança é feita pela feita pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) em parceria com sindicatos rurais.

O que é a Contribuição Sindical Rural?

É um tributo parafiscal que deve ser pago por todos os produtores rurais, pessoa física ou jurídica, enquadrados na categoria econômica rural, nos termos do Decreto-Lei nº 1.166/71, com redação dada pelo art. 5º da Lei nº 9.701/98. É uma contribuição que existe desde 1943, com regulamentação prevista nos arts. 578 a 591 da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, combinado com o art. 217 do Código Tributário Nacional e Decreto-Lei 1.166/71 que trata do enquadramento e da contribuição sindical rural.

Quem contribui?

A contribuição sindical é devida por todos aqueles que participam de uma determinada categoria econômica ou profissional ou ainda de uma profissão liberal em favor do sindicato representativo da mesma categoria ou profissão (Art. 578 a 591 da CLT).

É cobrada de todos os produtores rurais - pessoa física ou jurídica - conforme estabelece o Decreto-Lei nº 1.166, de 15 de abril de 1971.

Como é feito o cálculo da contribuição?

É efetuado com base nas informações prestadas pelo proprietário rural ao Cadastro Fiscal de Imóveis Rurais (CAFIR), administrado pela Secretaria da Receita Federal. De acordo com o § 1º do artigo 4º do Decreto-lei nº 1.166/71. Veja as distinções de base de cálculo para os contribuintes de pessoas físicas e jurídicas:

Pessoa Física - A contribuição é calculada com base no Valor da Terra Nua Tributável (VTNT) da propriedade, constante no cadastro da Secretaria da Receita Federal, utilizado para lançamento do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR).

Pessoa Jurídica - A contribuição é calculada com base na Parcela do Capital Social - PCS, atribuída ao imóvel.

O que fazer se a guia de pagamento não for recebida?

O proprietário rural que, por qualquer motivo, não recebeu a sua guia de recolhimento do exercício, deve procurar o Sindicato Rural do Município ou a Federação da Agricultura do Estado onde reside munido da cópia do Documento de Informação e Apuração do Imposto Territorial Rural (DIAT), a fim de que sejam adotadas as providências para a emissão de nova guia.

Penalidade para o agricultor que não efetuar o pagamento?

Não pagamento - O sistema sindical promoverá a cobrança judicial. Sem comprovante de pagamento da contribuição sindical rural, o produtor rural - pessoas física ou jurídica:

I - não poderá participar de processo licitatório; II - não obterá registro ou licença para funcionamento ou renovação de atividades para os estabelecimentos agropecuários; III - a não observância deste procedimento pode, inclusive, acarretar, de pleno direito, a nulidade dos atos praticados, nos itens I e II, conforme o artigo 608 da CLT.

Pagamento com atraso - Se o pagamento for feito após a data de vencimento, terá multa de 10% nos primeiros 30 dias, mais um adicional de 2% por mês subseqüente de atraso; juros de mora de 1% ao mês e atualização monetária, conforme artigo 600 da CLT.

O que é feito com os recursos recolhidos?

Quando o produtor rural (pessoa física ou jurídica) recolhe sua contribuição sindical, os recursos arrecadados, retirados os custos da cobrança, são distribuídos conforme estabelece o artigo 589 da CLT.

Cerca de 20% se destina ao Ministério do Trabalho e Emprego - MTE; 60% destinam ao Sindicato Rural; 15% à Federação de Agricultura do Estado; e 5% à CNA.

FONTE: CANAL RURAL