sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O sexo da cria pode influenciar a produção de leite da mãe?



Por Ricarda Maria dos Santos e José Luiz Moraes Vasconcelos

Este texto é parte do artigo: Holsteins Favor Heifers, Not Bulls: Biased Milk Production Programmed during Pregnancy as a Function of Fetal Sex, publicado por Katie Hinde e colaboradores, na PLOS, em Fevereio de 2014 (DOI: 10.1371/journal.pone.0086169).

As fêmeas dos mamíferos pagam altos custos energéticos para a reprodução, e o maior deles é imposto pela lactação. A síntese de leite requer, em parte, a mobilização de reservas corporais da mãe para nutrir a cria. Inúmeras hipóteses têm sido levantadas para predizer como a mãe diferencialmente investe na cria macho ou fêmea, porém poucos estudos têm abordado o efeito do sexo da cria na produção de leite da mãe.

Neste estudo foi usado a vaca de leite para avaliar esse fenômeno. Nas vacas de leite como o bezerro é separado da mãe dentro de poucas horas após a parição, esse sistema permite investigar o efeito do sexo da cria pré-natal independente do efeito pós-natal, e como a vaca de leite tem gestação concorrente com a lactação, pois tipicamente estão gestantes em cerca de 200 dias dos 305 dias da lactação, a influência do sexo do feto que está sendo gestado durante a lactação também pode ser avaliada.

A hipótese do estudo foi que a produção de leite na primeira lactação seria afetada pelo sexo da cria produzida e pelo sexo da cria da gestação durante a lactação. E também que o efeito do sexo da cria iria persistir nas lactações subsequentes.


Figura 1: Representação esquemática do estudo.

Foram avaliadas 2.390.000 lactações, de 1,49 milhões de vacas. Foi demonstrado que o sexo do feto influencia a capacidade da glândula mamária em sintetizar leite durante a lactação subsequente. Vacas favorecem as filhas, produzindo significativamente mais leite durante a lactação para as filhas do que para os filhos.

Usando uma sub-amostra deste conjunto de dados (n = 113.750 vacas) foi possível demonstrar que o sexo do feto interage dinamicamente com a paridade, o sexo do feto que está sendo gestado pode aumentar ou diminuir a produção de leite durante a lactação estabelecida. E ainda o sexo do feto da primeira gestação tem efeito nas lactações subsequentes. Vacas que no primeiro parto pariram fêmeas produziram 445Kg de leite a mais nas duas primeiras lactações, em comparação com as que pariram machos. Esses resultados demonstram que o sexo do feto programa a função da glândula mamária.



Figura 2: A gestação de filhas confere vantagens na produção de leite pós-natal, durante a gestação e entre as lactações. Vacas (n = 113.750) com dados da primeira e da segunda lactação, sem distocia ou aplicação de BST, foram usadas para avaliar os efeitos do sexo da cria na produção de leite nas duas primeiras lactações. S = gestação de macho e D = gestação de fêmea.

A) Vacas de primeira lactação que pariram fêmeas produziram mais leite do que as que pariram macho. A gestação de fêmea na segunda gestação aumenta a produção das vacas que pariram macho no primeiro parto.

B) A produção na segunda lactação é maior nas vacas que pariram fêmea no primeiro parto. E vacas que pariram macho no primeiro parto, produziram mais leite na segunda lactação quando pariram fêmea no segundo parto.

Uma questão que ainda permanece é como na condição natural o macho bovino se desenvolve mais rápido se sua mãe produz menos leite? Uma explicação seria que a produção de leite é influenciada também pelo comportamento de sucção da cria, comportamento esse que não pode ser avaliado nas fazendas leiteiras que separam as crias das mães logo ao nascimento.

Fonte: E-mail enviado por Ruralban

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Piscicultura é alternativa para aumentar a rentabilidade das propriedades




Mais de 15 mil alevinos foram entregues, desde o início do ano, aos produtores assistidos pelo escritório municipal da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo. De acordo com o agrônomo e chefe municipal da Emater/RS-Ascar, Alessandro Davesac, dentre as espécies mais procuradas para o cultivo estão a tilápia, a carpa capim, a carpa cabeça grande, o jundiá e a traíra.

“A entrega de alevinos e a assistência técnica fornecida pela Instituição têm contribuído para a consolidação da piscicultura regional, bem como, para a garantia da segurança e soberania alimentar dos agricultores familiares assistidos, que além de contarem com uma alimentação mais saudável, também utilizam a produção para sua subsistência e geração de renda através da comercialização do excedente”, avaliou Davesac.


O agrônomo reforça que a crescente preocupação pela inclusão de alimentos mais saudáveis na dieta humana, tem contribuído para a expansão da piscicultura. Dados da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), indicam uma taxa de crescimento de 10% ao ano na produção mundial de pescados. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que cada pessoa consuma pelo menos 12 quilos de carne de peixe por ano. Segundo dados do Ministério da Pesca, o brasileiro ainda consome abaixo disso.

Para o agrônomo da Emater/RS-Ascar, a piscicultura também é uma alternativa agropecuária com excelente perspectiva de desenvolvimento e retorno econômico ao pequeno produtor rural, possibilitando diversificação e otimização dos recursos da propriedade e contribuindo para o incremento da renda. Diante disso, o escritório municipal da Emater/RS-Ascar de Passo Fundo vem incentivando os produtores a investirem nessa cadeia produtiva. Entre as ações realizadas estão a abertura de novos tanques e viveiros para a produção mediante projetos de crédito, auxílio para aquisição de alevinos, recomendações técnicas referentes à qualidade da água, indicações de espécies adequadas ao cultivo e modo adequado de se fazer a despesca. Conforme o chefe da Emater/RS-Ascar municipal, os dados da secretaria municipal do Interior apontam que há em Passo Fundo mais de mil açudes cadastrados, que segundo ele podem vir a ser utilizados para a produção de peixes.

Fonte: Agrolink.