sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Uso racional da água: da obrigação à consciência

Por Armando Valle*
Nos últimos meses, o Brasil tem enfrentado a pior crise hídrica de sua história e as discussões em torno do tema são mais frequentes, impactando o dia a dia de todos nós. Se no verão sofremos com a estiagem, o inverno tende a ser ainda menos animador, por se caracterizar como um período extremamente seco, principalmente no Sudeste - região mais afetada pela escassez de água. Como consequência, temos a diminuição constante dos níveis dos reservatórios, os racionamentos nas mais diversas cidades e os sucessivos aumentos nas tarifas de água e energia elétrica. Diante desse cenário, fica o alerta sobre o que nos espera num futuro próximo. Mas esperar não trará a solução. É preciso agir: como obrigação e mais pela consciência.
Um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) aponta que quase metade da população global poderá sofrer com a falta de água até 2030, uma vez que a demanda deve superar a oferta em mais de 40%. A informação é alarmante, tanto que a preocupação com a possível escassez já tem despertado uma mudança de hábitos na população. Uma recente pesquisa do Instituto Ipsos, encomendada pela marca de eletrodomésticos Consul, revelou que a principal medida adotada pela maioria dos entrevistados (56,5%) foi passar a tomar banhos mais curtos para poupar água. Já 45,1% dos entrevistados agora fecham a torneira enquanto escovam os dentes.
Mudar hábitos é importante para contribuir com a economia. Mas isso não significa que é preciso abrir mão de tecnologias e da praticidade de aparelhos que facilitam nossa vida e dependem da água para funcionar. Cada vez mais, inovações tecnológicas são desenvolvidas a nosso favor e, principalmente, em prol do meio ambiente. No caso de eletrodomésticos, há funções nas lavadoras, por exemplo, que permitem reaproveitar a água usada para lavar roupa em outras tarefas domésticas e economizar cerca de 20 mil litros por ano. Outro aliado do consumidor é a lava-louças, que possui modernas inovações e, diferentemente do que grande parte da população acredita, consome bem menos do que se usar a pia.
Desvendando esse mito, um estudo feito pelo Laboratório Falcão Bauer revelou que a substituição da lavagem manual pela lava-louças, numa residência de quatro pessoas, pode gerar uma economia anual de até 27 mil litros de água, o que equivale a 55 caixas d’água de 500 litros. A lavagem na máquina economiza até seis vezes mais água, em comparação com a manual. Prover essas inovações que proporcionam vantagens e benefícios à população é papel das empresas, que desempenham uma função fundamental nesse cenário em que o meio ambiente pede socorro. Nesse sentido, a Whirlpool tem buscado se reinventar constantemente, tanto para ajudar o consumidor nessa batalha sustentável quanto para ela própria exercer seu dever de empresa cidadã, preocupada com as questões socioambientais.
Assim como cada consumidor em sua casa, esse olhar sustentável para dentro das empresas também faz parte da atuação consciente. Engajar colaboradores em prol da economia, desenvolver sistemas de tratamento do recurso hídrico e adotar o uso de cisternas para captação de água da chuva são exemplos de medidas que podem ser aplicadas nas companhias para contribuir de forma efetiva com essa causa. A Whirlpool, por exemplo, já possui iniciativas como essas de gestão da água, que permitiram, nos últimos dois anos, o reaproveitamento de 428 mil m³ de água, volume que deixou de ser retirado de fontes de abastecimento e que equivale ao consumo diário de 2,6 milhões de habitantes.
Nesse cenário de crise hídrica em que nos encontramos, o uso racional está na ordem do dia, em todas as esferas. Desculpas para o desperdício não são mais aceitas em uma sociedade onde todos estão mais críticos e cientes de que a água pode, sim, acabar um dia. Cabe a cada um de nós, às empresas, ao governo e às demais instituições unir esforços, com simples atitudes ou com soluções inovadoras, para que juntos possamos contribuir, efetivamente, com um mundo sustentável. E que essa união não seja meramente uma obrigação, mas um processo natural de conscientização coletiva em prol de um bem maior.
*Armando Valle é Vice-presidente de Relações Institucionais, Sustentabilidade, Manufaturas, BU Manaus e Comunicação Institucional da Whirlpool Latin America
FONTE RURALBAN