Zootecnista alerta sobre alimentação de bezerras com leite de vacas do rebanho. Medida comum nas fazendas pode ser prejudicial à saúde dos animais e trazer prejuízos econômicos aos produtores.
Logo após o nascimento, a medida adotada por grande parte dos produtores de fazendas leiteiras é alimentar as bezerras com o leite proveniente de vacas da propriedade. A iniciativa é considerada normal e ocorre de forma corriqueira. No entanto, esse conceito, ao invés de trazer produtividade e lucro, pode ser prejudicial aos animais e trazer perdas econômicas, já que o bom desenvolvimento da bezerra no início da vida é fator determinante para que ela se torne uma boa produtora de leite no futuro.
Segundo o Zootecnista Fabiano Lopes Bueno, Coordenador de Negócios da Nutreco Brasil, um dos principais erros que o produtor comete quando trata as bezerras com leite de vaca é acreditar que é financeiramente viável. “O produtor está deixando de disponibilizar esse volume, que não é pequeno, para comercialização. O resultado da fazenda leiteira é justamente a venda do leite para os laticínios e quando se utiliza o leite para alimentar as bezerras, o produtor deixa de vender esse leite”, afirma.
A conta, de acordo com o especialista, é simples. “Se considerarmos que uma fazenda com 500 vacas em lactação produz cerca de 250 bezerras/ano e cada animal consome, em média, quatro litros por dia, por pelo menos 60 dias, teremos um consumo de 60.000 litros/ano, que poderiam ser destinados à venda”, aponta o Zootecnista. “O que mais vemos no campo é que as bezerras são alimentadas com essa quantidade diária de leite. Mas, o que as pesquisas estão mostrando é que esse volume não é adequado para um bom desempenho e é preciso aumentá-lo para os animais terem um crescimento adequado. Por isso, indica-se aumentar o volume de leite diário para seis, sete até oito litros de leite por dia. Ou seja, o volume de leite que poderia ser vendido é muito maior”, ressalta o Zootecnista.
Outro fator de alerta aos produtores é que o leite cru in natura pode ser uma possibilidade de transmissão de doenças da vaca para a bezerra, como tuberculose, uma zoonose que pode ser transmitida para o ser humano, a diarreia viral bovina, a leptospirose e salmonelose. Isso porque alguns produtores costumam alimentar as bezerras com o leite que não é possível ser vendido para o laticínio, proveniente de vacas em tratamento com antibiótico, por exemplo. “Quando a vaca é recém tratada, esse antibiótico que está saindo via leite pode desequilibrar a população bacteriana do intestino da bezerra e causar diarreia nesse animal”, explica.
Além disso, mesmo com uma concentração de medicamento mais baixa no leite, o uso contínuo do antibiótico acaba contribuindo para a posterior resistência das bactérias a esse tipo de tratamento. Futuramente, em médio prazo, esses antibióticos terão sua ação diminuída, já que as bactérias no organismo das bezerrinhas criaram resistência ao princípio ativo.
O especialista, no entanto, enfatiza que não é terminantemente proibido tratar com leite, mas, para não correr nenhum risco, é necessário estar atento ao manejo correto para que não ocorram problemas no futuro. “O fornecimento de colostro de alta qualidade é imprescindível para garantir a transmissão de imunidade (anticorpos) da vaca para a bezerra. Neste processo, quanto menor o tempo entre o nascimento e o fornecimento do primeiro trato de colostro, melhor. Recomenda-se fornecer seis litros de colostro nas primeiras 12 horas de vida da bezerra”, ensina.
Alimentação com sucedâneos lácteos
Passando-se as ordenhas, a concentração do colostro é menor e a quantidade de leite aumenta, período chamado de transição do leite. Quando esse volume já pode ser comercializado é o momento em que a bezerra já pode fazer uso dos sucedâneos lácteos, também conhecidos como “leite em pó”.
A utilização de sucedâneos lácteos após a alimentação correta com o colostro é uma alternativa de alimentação para as bezerras. Um exemplo é o Sprayfo, sucedâneo lácteo altamente tecnológico que pode fazer a substituição do leite, garantindo a qualidade nutricional para que a bezerra alcance um ótimo desempenho, com toda segurança alimentar, evitando propagação de doenças.
Fabricado na Holanda há mais de 50 anos e comercializado no País há 15 pela Nutreco Brasil, uma das líderes globais em nutrição animal, o Sprayfo tem em sua composição nutrientes, vitaminas (A, C, D, E e complexo B) e minerais balanceados para atender as necessidades da bezerra. Produzidos à base de soro de leite de alta concentração nutricional, é rico em proteínas lácteas, minerais e lactose, enriquecido com ferro, selênio, gorduras vegetais, como óleo de coco e de palma, de alta digestibilidade, obedecendo tabelas de nutrição, conforme recomendações internacionais para cada categoria animal.
“Pensando-se nas necessidades das bezerras posso afirmar que o Sprayfo é mais equilibrado nutricionalmente que o próprio leite de vaca. A base dele é proteína láctea de alta digestibilidade, promovendo o crescimento e desenvolvimento do animal”, explica Bueno.
Segundo ele, o costume é que normalmente dá-se muita atenção para as vacas no pós-parto e não tanto para as bezerras. “O Sprayfo é uma alternativa para aumentar a produção leiteira, já que o começo da vida determina o desempenho na vida adulta. Se quero que uma bezerra produza muito leite amanhã, tenho que começar a tratar bem dela hoje, nutrindo-a de forma adequada para que tenha estrutura, tamanho, volume de corpo, conformação de úbere suficiente para produzir mais e com longevidade produtiva. O animal que sofreu algum problema nutricional nas primeiras fases de vida terá a produção comprometida na fase adulta. A alimentação com Sprayfo é para dar esse arranque de melhor qualidade para a bezerra”, salienta o Zootecnista.
O preparo do Sprayfo é feito na hora de oferecer para as bezerras. Altamente palatável, a diluição deve ser feita com água morna, fornecendo aos animais próxima da temperatura corporal da vaca (38-39°C). Para cada quilo de Sprayfo são necessários oito litros de água. “O fornecimento depende do objetivo de cada fazenda, mas recomendamos que sejam três litros por trato, totalizando seis litros por dia, pelo menos, para cada animal”, explica Fabiano Bueno.
A troca se torna economicamente vantajosa ao produtor, já que o substituto lácteo tende a ser mais barato se comparado ao preço de venda do leite ao laticínio. Porém, a substituição não deve ser feita somente levando em consideração a economia e, sim, a recomendação na criação dos animais, que é ter uma bezerra desmamada numa estrutura corporal adequada, com mais saúde, redução do índice de doenças e com qualidade. “O que é importante ressaltar é que o fazendeiro deve buscar produto de alta qualidade. O leite é um dos alimentos mais perfeitos que existe na natureza e para conseguirmos substituí-lo, deve ser com alta qualidade nutricional para a bezerrinha, que será a sua principal fonte de renda no futuro”, finaliza.
Fonte: Attuale Comunicação.