sábado, 8 de março de 2014

Óleo de avestruz vira matéria-prima de cosméticos


(Acervo/Ed. Globo)

Uma empresa localizada em Cuiabá (MT) tem ganhado espaço no mercado nacional de dermocosméticos (produtos que levam princípios ativos às camadas mais profundas da derme, proporcionando benefícios à pele) com a utilização de uma matéria-prima nada comum por aqui. Os itens do catálogo da Ostrich Cosméticos têm chamado a atenção por serem feitos a partir da gordura animal do avestruz.

A empresa atua no mercado de cosméticos desde março de 2010, com produtos criados à base de óleo de avestruz, substância retirada da gordura do animal, rica em ômegas 3, 6 e 9, além das vitaminas D e E.

Com propriedades hidratantes, cicatrizantes, tonificantes, antiinflamatórias e analgésicas, o óleo é conhecido por conta de sua eficácia e se tornou muito popular na Europa.

A empresária Tânia Kramm da Costa, de 32 anos, está por trás do conceito da Ostrich Cold Cream. Mestre em Marketing pela Universidade de Viena, na Áustria, Tânia morou no país durante 13 anos. ”A ideia inicial de abrir a empresa veio do meu pai. Mas foi durante o tempo em que estive na Europa que decidi investir nesse tipo de produto”, conta.

De acordo com ela, o óleo de avestruz é muito utilizado como medicamento no continente europeu. O produto de lá, no entanto, é diferente dos criados pela empresária. “Na Europa, o óleo é vendido puro. Nós vendemos produtos criados a partir desse óleo”, explica. “Mas as propriedades são as mesmas, e em alguns casos são até mesmo intensificadas”, acrescenta Tânia.

O sucesso do produto no exterior fez com que a empresária decidisse voltar ao Brasil, no final de 2008, para investir nesse mercado. A empresa, então, construiu um laboratório para desenvolver o material. Foram dois anos de estudos, pesquisas e testes de eficácia até que o produto chegasse ao formato atual.

A Ostrich possui um criatório próprio com cerca de 400 matrizes. Os animais recebem uma alimentação elaborada pela própria empresa para garantir a qualidade da gordura que dá origem ao óleo.

As aves são abatidas após cerca de um ano e a empresa fica apenas com uma espécie de bolsa, localizada na região abdominal da ave, onde a gordura fica acumulada – a carne é vendida a restaurantes e hotéis e o couro e as plumas são vendidos para outras empresas.

Depois de extraída, a gordura é filtrada diversas vezes, além de passa por outros procedimentos, até gerar o óleo puro. “Para se ter uma ideia, cada bolsa pesa, em média, 15 quilos, e ao final de todo o processo apenas 6 litros de óleo são obtidos”, destaca.

Todos os cosméticos são feitos à base do óleo, com exceção dos aromatizantes de ambiente e do body splash, que são de outro segmento. Considerado o carro-chefe da empresa os bálsamos, são os produtos que contêm maior concentração do óleo, intensificando suas propriedades. O objetivo, conta Tânia, é desenvolver cosméticos 100% naturais e hipoalergênicos que possam ser utilizados em tratamentos de saúde. “Os protetores labiais, por exemplo, têm sido muito indicados por dentistas, já que evitam o ressecamento e a rachadura dos lábios”, afirma a empresária.

A empresária Tânia Kramm da Costa teve a ideia depois de morar por 13 anos na Europa, onde o óleo de avestruz na produção de cosméticos é popular (Acervo/Ed. Globo)

“O óleo é muito eficaz para aliviar queimaduras, inclusive a pós-sol. Temos cremes que intensificam essa propriedade, além de outros específicos para diversos tipos de tratamentos, como o creme para os pés, indicado a pessoas com diabetes, creme para as pernas, voltado para pessoas com problema de circulação, e cremes que previnem e diminuem estrias e celulite”, explica.

Após assumir a empresa, Tânia tem investido na divulgação do produto em diversos Estados brasileiros. “Assumi a parte de marketing para fazer a empresa se tornar conhecida”, diz.

Atualmente, a Ostrich produz cerca de 500 quilos de produtos por dia e conta com um portfólio de 80 itens divididos entre os segmentos de cosméticos, feitos à base do óleo, e aromatizantes. “Tivemos um crescimento bastante significativo. Quando entramos no mercado, tínhamos apenas quatro produtos. Hoje, temos 80”, contou a empresária.

Outro projeto que está sendo desenvolvido pela companhia é a criação de um hidratante à base de óleo de andiroba, que tem efeito repelente. A ideia é que o creme, que está sendo testado por laboratórios credenciados pela Anvisa, seja indicado para combater o mosquito da dengue.

FONTE: http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Criacao/noticia/2014/02/oleo-de-avestruz-vira-materia-prima-de-cosmeticos.html

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