A criação de emas vem se tornando uma pecuária alternativa no Brasil devido à boa qualidade dos produtos oriundos dessas aves e também pelo fato de estes animais serem dóceis e sociáveis, o que facilita seu manejo. Com o intuito de avançar no estudo parasitológico, hematológico e bioquímico, identificando e diagnosticando doenças, foram construídos em 2008 um criatório científico e um incubatório de emas na UENF. Professores do Laboratório de Sanidade Animal (LSA/CCTA) da UENF buscam ampliar o número de pesquisas relacionadas à parasitologia e também informar aos criadores de emas as principais doenças que acometem esses animais.
Aberto a diversos professores que têm trabalhado em uma série de pesquisas na UENF, o criatório científico possui hoje 13 emas que vivem sob o cuidado de funcionários da Universidade. De acordo com o professor Francisco de Oliveira, as aves foram adquiridas com autorização do Ibama e através do projeto “Criação de emas (Rhea americana): uma nova alternativa pecuária para o produtor rural do estado do Rio de Janeiro”, aprovado pela Faperj, tendo como principal objetivo trabalhar com os parasitas que causam problemas nas aves e detectar a espécie e as patologias envolvidas, além de fazer pesquisas também com infecção.
— Como as emas são de origem brasileira, e as avestruzes, africana, nós pretendemos introduzir os parasitas da avestruz na ema para ver se há infecção cruzada. A gente vai analisar se os parasitas das avestruzes podem infectar a ema, pois estes são muito patogênicos para as avestruzes. Então nós queremos ver se as emas correm o risco de adquirir essas parasitoses e vir a ter problemas — explica o professor.
Francisco relata também que as emas existentes no criatório possuem OPG (Ovos por Gramas de Fezes) muito baixo, com poucos parasitas, pois elas já chegaram à Universidade vermifugadas, o que é essencial para a saúde do animal. Portanto, a coleta dos parasitas internos a fim de obter uma boa descrição ainda será feita.
Emas e avestruzes pertencem ao grupo das ratitas, aves que não voam. Segundo o professor Francisco, a ideia de fazer pesquisas com emas surgiu após uma constatação de que havia grande dificuldade em trabalhar com avestruz por este ser um animal bastante agressivo. Francisco diz que pouco tempo atrás, na região, existiam pequenos e médios criadores de avestruzes, porém muitos desistiram da criação devido à dificuldade com o manejo. Além disso, havia também sérios problemas em avestruzes devido à parasitose.
— Esse tipo de problema é gerado pela falta de profissionais habilitados com conhecimentos técnicos na criação de ratitas. As avestruzes são animais de grande porte e muito agressivos, o que dificulta o seu manejo. Já as emas possuem menor porte e são mais dóceis, o que facilita a sua lida, além de possuírem as mesmas qualidades de produtos e subprodutos das avestruzes. Portanto, as emas são uma boa alternativa de criação para substituir as avestruzes no Norte Fluminense, tornando-se um mercado promissor para o estado e país — disse.
Interesse vem crescendo no Brasil
Existem duas espécies de emas: a ema maior ou comum, Rhea americana, e a ema menor ou de Darwin, Pterocnemia pennata, ambas oriundas da América do Sul. Somente a primeira é criada em cativeiro, principalmente nas Américas e Europa. Estas aves são onívoras, alimentam-se de pastagem, sementes e insetos, e podem viver até 40 anos. De acordo com Francisco, cada fêmea bota um ovo a cada dois ou três dias, totalizando em média 40 ovos por período reprodutivo. Além disso, a carne é livre de gordura, rica em proteínas, ômega 3 e ferro.
Na década de 1990, a exploração comercial de ratitas foi considerada o maior sucesso doagrobusiness nos Estados Unidos. Acompanhando a tendência mundial, embora esta seja uma atividade nova, o interesse pela exploração de avestruzes e emas no Brasil vem crescendo, devido à boa qualidade dos produtos oriundos destes animais.
Atualmente, a criação comercial de emas é uma alternativa pecuária reconhecida pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa). Por se tratar de um animal silvestre, a atividade é controlada pelo Ibama, que proíbe sua caça. O comércio da carne só é permitido de animais oriundos de criatórios comerciais registrados junto aos órgãos competentes (Ibama/Mapa/Anvisa).
Thais Peixoto
FONTE: http://uenfciencia.blogspot.com.br/2013/10/criacao-de-emas.html
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