Produzir de forma sustentável é um dos desafios propostos não só para agricultura, mas também para a pecuária nas principais regiões produtoras de gado de corte do País, como Pantanal. Porém, o crescimento vertiginoso da criação extensiva preocupa pesquisadores e ambientalistas. Conhecer as espécies de forrageiras características da região e criar animais que tenham facilidade de se adaptar ao clima e vegetação local, melhoram a produtividade do pecuarista, preserva a biodiversidade local e evita a degradação das fazendas. Nos dias 29 e 30 de outubro, a cidade de Montes Claros, em Minas Gerais, foi palco de diversas discussões a respeito do tema durante o II Encontro de Aprimoramento da Pecuária de Corte (ENAPEC).
Sandra Aparecida Santos, pesquisadora da Embrapa Pantanal, foi uma das palestrantes do evento e falou sobre a sustentabilidade em fazendas de cria da região pantaneira. Ela disse que a inserção de raças adaptadas ao local, como o Nelore, a otimização dos recursos forrageiros nativos da região e a identificação do potencial de cada área é uma das saídas para tornar a pecuária mais sustentável, evitando a necessidade de plantar espécies que não são nativas.
O Nosso foco principal é buscar como isso pode ser feito de forma a aumentar a produtividade do produtor, agredindo menos o meio ambiente. O Pantanal tem a região com dominância de pastagens nativas e isso torna a região com vocação para criação de gado de corte de forma extensiva, principalmente a cria de bezerros. Para tornar a produção mais sustentável, buscamos raças e linhagens adaptadas às condições climáticas e espécies forrageiras locais. Outro aspecto é otimizar o uso dos recursos forrageiros nativos na região, conhecendo o que a gente tem e usando estes recursos da melhor forma — explica a pesquisadora.
Porém, conscientizar os produtores a fazerem um uso sustentável de sua produção, não é uma tarefa fácil, segundo ela. No Pantanal, de acordo com a pesquisadora, 95% das propriedades rurais é particular e por isso é preciso contar com a tomada de decisão do proprietário e para convencer cada produtor a realizar o manejo correto é preciso realizar uma estratégia diferente para cada fazenda. Cada propriedade tem uma característica específica, algumas sofrem com inundações constantes durante grande parte do ano e com perda de nutrientes no solo.
Um dos métodos aplicados em pesquisa nessa região é ajudar os pecuaristas a mapearem os recursos forrageiros, porque o produtor deve saber quais são os materiais disponíveis na fazenda. Sandra explica que na região pantaneira, existem centenas de espécies de forrageiras, mas as dominantes são as gramíneas, com cerca de 220 tipos de variedades. No entanto, a pesquisadora alerta que quando há locais com qualidade de capim muito baixas, onde a recomendação é para que seja feita a inserção de variedades exóticas mais produtivas, como a braquiária, mas isso deve ser feito dentro de critérios técnicos para manter a biodiversidade local.
Um dos projetos apresentados pela pesquisadora é o Indicador de Sustentabilidade, que prevê a avaliação de critérios ambientais, econômicos e sociais. Essa ferramenta irá fazer um diagnóstico do sistema de produção da região do Pantanal.
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