a produção artificial de rainhas é uma exclusividade das abelhas africanizadas, ou seja, que possuem ferrão. A tecnologia que está sendo desenvolvida vai permitir que apicultores produzam rainhas sem ferrão em escala industrial, o que vai beneficiar a agricultura e acelerar programas de melhoramento genético apícolas.
As espécies de abelhas sem ferrão têm grande importância ecológica e econômica, pois polinizam diversas plantas nativas e pelo menos 18 espécies usadas comercialmente na agricultura. A produção em série das rainhas dessas espécies já é possível em laboratório mas, segundo o biólogo Cristiano Menezes, responsável pelo trabalho, deve demorar de cinco a dez anos para que a tecnologia chegue até os produtores.
O processo é muito simples. Tirando as abelhas do gênero Melipona, em todas as outras abelhas sem ferrão o que define se a abelha vai virar rainha ou operária é a quantidade de alimento que ela ingere. Assim, o que fazemos em laboratório é pegar as larvas fêmeas recém-nascidas e dar uma quantidade grande de alimento para elas, de forma que 100% viram rainhas. A grande limitação é que até pouco tempo atrás a tecnologia tinha uma taxa de sucesso muito baixa, então elas raramente chegavam a 40% de sobrevivência — explica Menezes, doutor em entomologia pela Universidade de São Paulo.
Com as recentes melhorias técnicas, esse quadro se reverteu. Em experimentos realizados em Ribeirão Preto (SP), a taxa de sobrevivência das rainhas já atinge cerca de 95%. No entanto, a tecnologia ainda precisa de aperfeiçoamentos para chegar ao produtor de uma forma economicamente viável.
A produção de rainhas nós já conseguimos viabilizar bem. O passo que está faltando agora é pegar essas rainhas, colocar em pequenas colônias e fazer elas crescerem. A potencialidade disso para o futuro é grande, mas estamos falando de uma tecnologia de ponta que esta sendo investigada no momento. Atualmente, para os meliponicultores e apicultores, isso ainda não é acessível — explica.
A próxima etapa do trabalho está sendo realizada este ano (2011), em parceria com a Embrapa Amazônia Oriental. Segundo Menezes, o objetivo agora é fazer as rainhas fecundarem e, depois, formarem colônias normais.
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