O constante desafio do nutricionista é formular dietas que proporcionem o melhor desempenho dos animais, sem comprometer os resultados econômicos do negócio. Com o desenvolvimento daavicultura de corte, durante estes mais de 50 anos, a pesquisa favoreceu o profissional, proporcionando informações fundamentais para que esses objetivos sejam alcançados.
Com todos os estudos feitos, tem sido possível separar as exigências dos animais por fase de produção, por sexo, por rendimento corporal, por linhagem genética, por estação do ano, por densidade, por ambiente, etc. Também foi através do conhecimento da composição dos ingredientes que o nutricionista pôde fazer formulações de uma maneira mais precisa, inclusive possibilitando intercâmbios de conhecimento. Claro que toda essa informação deve ser submetida às condições de cada empresa, pois particularidades devem ser respeitadas para que o negócio seja rentável. Quem sabe este seja um dos maiores desafios do nutricionista?
Por essa razão, o nutricionista deve ter um conhecimento abrangente do negócio, para que o sucesso de seu trabalho fique mais próximo. O nutricionista de hoje, como pré-requisito fundamental ao seu trabalho, deve ter um profundo conhecimento teórico sobre nutrição e deve ser competente em formular dietas apropriadas aos animais. Entretanto, para que seu trabalho seja de todo eficiente, ele deve se envolver profundamente com outras áreas do negócio.
Por exemplo, o nutricionista especializado na avicultura de corte deve estar envolvido com o departamento de compras da empresa, o que permite sua participação no setor, do que deve ser adquirido ou não para compor suas dietas. Nesse caso, deve se envolver com o controle de qualidade, preservando a segurança alimentar, e interpretando resultados de análise dos ingredientes adquiridos e das dietas produzidas. Essas informações são determinantes para o sucesso do primeiro objetivo do profissional, que é transformar uma dieta teoricamente formulada em um produto similar a sua proposta original.
Esse profissional da avicultura de corte também deve continuar envolvido com as pesquisas desenvolvidas em sua própria empresa e em outros locais, tratando de aproveitar as informações para ganho de eficiência. Além disso, e quem sabe mais importante de tudo, o nutricionista cada vez mais deve se envolver com o resultado do produto final, acompanhando as tarefas de campo, bem como o resultado de todo o trabalho, do abate à apresentação do produto final de sua empresa. Somente conciliando todas essas tarefas, sua atividade poderá ser um diferencial competitivo.
Quando todos esses desafios são atingidos, o nutricionista pode dizer que está exercendo o conceito da “nutrição de precisão”. Esse conceito pressupõe que os animais, em cada condição específica, recebam nutrientes e energia em quantidades devidas, evitando ao máximo o desperdício de qualquer um deles. Tal conceito procura eliminar o que sempre foi defendido, a “margem de segurança” na recomendação de um nutriente específico.
Por exemplo, o conceito da proteína ideal chegou com esse propósito. Prevê relacionar os aminoácidos entre si, com base na lisina digestível. Antes dele, as dietas já eram formuladas relacionando os nutrientes com a energia proposta, respeitando a base técnica de que os animais comem para satisfazer suas necessidades energéticas. Também já eram feitas relações entre minerais, mais especificamente entre cálcio e fósforo.
Entretanto, duas ferramentas têm sido determinantes para que a “nutrição de precisão” seja aproveitada em sua plenitude. A primeira delas, em caráter analítico, é a disponibilidade de resultados de composição nutricional dos ingredientes recebidos para a formulação das dietas que serão enviadas aos animais. Como esse processo deve ser rápido e eficiente, a implantação da tecnologia NIR (Near Infrared Spectroscopy) é indispensável, pois permite análises rápidas na linha de produção, adequando variações de composição de ingredientes às formulações propostas. Ela permite que o nutricionista prefira ou segregue ingredientes em suas fórmulas específicas.
Já os modelos não lineares de formulação de ração são outra ferramenta indispensável para o emprego do conceito da “nutrição de precisão”. Tais modelos permitem que as dietas sejam compostas de acordo com o melhor resultado econômico da empresa, e não de acordo com o menor custo de formulação, dado pelos modelos lineares. Os modelos também permitem incluir, nas simulações, as seguintes variáveis: sexo, idade, densidade, temperatura, linhagem genética, que não são empregadas nos modelos lineares. Estes últimos prendem-se em dietas formuladas com restrições unicamente nutricionais, sustentadas pela experiência do nutricionista.
Já os modelos não lineares exigem a relação do nutricionista com todo o segmento produtivo, interagindo ao máximo. Os modelos não lineares procuram não restringir os limites dos nutrientes, uma vez que o objetivo maior é a produção de frangos ou outros animais de forma tecnicamente correta, com o melhor resultado econômico, e não com o menor custo de formulação.
Desta forma, pensar em “nutrição de precisão” é romper paradigmas. É buscar alternativas locais e que podem variar a cada momento. É buscar uma proposta com menor desperdício. É, como um todo, buscar a eficiência plena do negócio.
muito bom o texto!
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