Os pecuaristas brasileiros não estão acostumados a darem importância aos detalhes com cuidados de pastagem. O foco da maioria dos produtores é a alta qualidade genética dos animais, mas sem um bom pasto a genética não dá resultados. Os pecuaristas precisam passar a cuidar do capim como cuidam dos seus animais. O primeiro ponto fundamental é identificar o estado do pasto e saber se ele está saudável, se precisa ser recuperado ou se está tão ruim que precisa ser totalmente reformado. Outra questão fundamental é fazer a adubação correta do pasto com aplicação de calcário e fósforo, na época adequada, e o fertilizante nitrogenado, se o produtor quiser fazer um investimento mais alto. O pastejo rotacionado com a adoção de piquetes também é muito importante para preservar o capim e não deixar que o animal coma toda a planta. Detalhes como o plantio de árvore, para fazer sombras nos dias de sol, e a distância adequada dos bebedouros para que os animais não andem muito são fatores que melhoram o bem-estar do gado, fazem ele se preservar e resultam em aumento de peso.
A pastagem é a base de toda a produção pecuária, seja leite ou carne. Não adianta a gente ter uma boa genética (e o Brasil é campeão de genética) sem pastagem boa. É fundamental que o pecuarista conheça e entenda a sua pastagem. Hoje, nós temos necessidade de se dobrar a produção de carne para atender a demanda brasileira e mundial nos próximos 30 anos. Temos que fazer isso intensificando as pastagens e trabalhando com tecnologia. A forma extrativista que o nosso pecuarista tradicional vinha fazendo não tem mais condições dele sobreviver dessa forma. Ele precisa trabalhar com níveis de produtividade mais altos. Os cuidados com a pastagem permitem triplicar a produção do pecuarista. É assustador a resposta que a gente tem nas pastagens quando agente aduba o solo. Os solos brasileiros são muito deficientes de fósforo, então é fundamental que a gente reponha o fósforo pra que a planta consiga realmente produzir a massa — ressalta Wagner Pires, consultor e sócio-proprietário da DTA Consultoria.
Com um cuidado mais atencioso ao pasto, o pecuarista consegue perceber como o animal está se relacionando com a pastagem e aprende a fazer o diagnóstico correto para fazer a intervenção correta. Os sintomas de degradação são o surgimento de plantas daninhas, queda de fertilidade e surgimento de áreas vazias sem gramínea. Uma questão fundamental é fazer a análise de solo para conhecer de fato o nível que a pastagem se encontra. A partir do resultado encontrado na análise o pecuarista tem condições de saber as necessidades da gramínea e deve fazer uma adubação equilibrada. Muitos produtores acham que a adubação é irrelevante ou muito cara, mas os resultados que ela gera são muito grandes e o retorno financeiro, com a melhor qualidade de alimento ingerida pelo animal, é certo.
A partir do momento que ele diagnosticou o estado que está a pastagem nós vamos atacar as plantas daninhas, melhorar a fertilidade e o pecuarista fica desesperado achando que não tem capital para fazer a adubação. Quando houver necessidade vamos entrar com a calagem na entrada das águas e podemos fazer calagem de reforma da pastagem ou de recuperação. Depois, partimos para a fosfatagem e o pecuarista se assusta com os custos e acaba desistindo. Eu vou mostrar para ele um planejamento de médio e longo prazo para ele fazer uma adubação a cada dois anos usando adubo de baixa solubilidade e melhorando gradativamente a pastagem para finalmente, se ele quiser atingir um nível de alta intensificação, entrar com adubação nitrogenada no pasto dele — explica.
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