O confinamento de gado para engorda no Brasil é uma prática recente, com possibilidade de ampliação pelas vantagens que esta atividade apresenta. Vários são os autores que justificam a adoção do confinamento. [Peixoto, 1989] vê como vantagens: reduzir a idade de abate do animal; acelerar o giro de capital, com retorno mais rápido dos valores investidos na engorda e reduzir a ociosidade dos frigoríficos na entressafra. [Corrêa, 1988] afirma que o confinamento contribui também para aumentar a produtividade da pecuária de corte e é responsável pela oferta de empregos no meio rural.
[Vasconcellos, 1993] complementa ao citar: a produção da carne é de melhor qualidade e maior produção por área; existe maior rendimento de carcaças (até 63%), com diminuição da proporção de ossos e outros componentes de pouco valor; aproveitamento mais intensivo de pequenas propriedades pela utilização mais racional das pastagens; aproveitamento de doze ou mais animais por hectare plantado; índice de mortalidade baixíssimo; grande produção de adubo orgânico de bom valor para o uso ou venda; redução da ociosidade de curtumes e melhor utilização de mão-de-obra e recursos técnicos disponíveis.
A engorda confinada no Brasil normalmente alcança viabilidade econômica em determinado período do ano, coincidindo com a entressafra de carne produzida a pasto. No resto do ano é conveniente utilizar este espaço de confinamento para serviços ligados a outras categorias do plantel, otimizando seu aproveitamento.
Os principais fatores para a técnica de confinar gado são: os animais, os alimentos e as instalações. O fator mais importante é a escolha dos animais, tendo como características o peso na idade de abate; a taxa de crescimento; a quantidade e distribuição da gordura corporal e quantos quilos de carne comercializável cada animal rende.
Aparentemente cada boi tem um potencial de crescimento e de desenvolvimento desde que sejam favoráveis as condições para esta finalidade: ambiente adequado e alimentação apropriada.
O animal tem cinco qualidades inerentes ao seu desenvolvimento, a saber: rapidez e eficiência de crescimento, tamanho grande, alto rendimento, grande quantidade de carne e alta qualificação de carcaça.
Mesmo assim, torna-se sempre difícil avaliar no animal vivo qual o tipo ideal de bovino para corte. O peso e a idade em que os animais vão para o confinamento têm papel importante no processo de ganho de peso. Os animais mais novos, e portanto mais leves, acusam conversão alimentar mais eficazes e custos relativos de produção mais baixos.
Numa pesquisa feita no Rio Grande do Sul, segundo Peixoto, o comportamento de bezerros das raças hereford e poller-hereford apontaram que a percentagem de carne aproveitável cai com a aumento do peso vivo, embora o rendimento da carcaça aumente. A preferência brasileira ainda recai sobre animais mais velhos, com trinta a trinta e cinco meses, ou pouco além, e peso vivo entre 330 e 350 kg.
Levantamento feito pela Empresa de Pesquisa Agrícola de Minas Gerais e Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Epamig/Emater), no final da década de setenta, apontou idade inicial no confinamento de 34,5 meses com variação de vinte a quarenta e oito meses e peso médio inicial de aproximadamente de 340 kg, variando entre os limites de 270 e 445 kg. Os valores médios para idade foram considerados superiores aos tecnicamente recomendados, o que contribui para a conversão alimentar média inferior à desejada.
Segundo Vasconcellos, animais mais novos, em recria, são ainda capazes de garantir bons ganhos de peso através de crescimento compensatório, desde que alimentados com alto nível nutricional.
Outro fator de importância diz respeito ao preparo dos animais para o confinamento, que pretende deixá-los em boas condições para responder a um trato específico e intensivo na forma de ganho rápido de peso. Trata-se, na verdade, de seguir os precondicionamentos sanitário, alimentar e ambiental, destinados a reduzir quaisquer fatores desfavoráveis à acumulação de gordura nos tecidos do animal.
O precondicionamento sanitário consiste em um programa específico de vacinações e controle de parasitas, aliado a um acompanhamento permanente do estado de saúde dos bovinos. Por exemplo, a vacinação contra a febre afetosa deve ser realizada antes de se iniciar o confinamento.
O precondicionamento alimentar visa fazer com que a flora e a fauna microbianas do rúmen tenham uma adaptação rápida à transformação de um conteúdo dietético. Assim, a silagem de grãos e concentrados, requer maior tempo de adaptação que a cana-de-açúcar. Em geral, o processo de adaptação demora de dez a vinte dias para se completar.
Finalmente o ambiente: os procedimentos nessa área têm como objetivo acostumar o animal às instalações do confinamento, ao movimento de máquinas e implementos, à presença do ser humano, dentre outras coisas. O precondicionamento ambiental também envolve a convivência entre animais de origens distintas. Esta fase inclui ainda o implante ou o fornecimento de anabolizantes e aditivos, utilizadas para tornar mais eficaz o trabalho de engorda.
Uma última consideração importante trata da pesagem dos animais, que deve ser feita num período intervalo com vinte e oito dias. Com o intuito de não prejudicar muito o animal, uma vez que o momento da pesagem exige muito do gado, sugere-se, como uma medida de segurança, pesar o lote de animais em uma amostragem significativa - estatisticamente correta, evitando assim o estresse do boi e um rendimento maior, dada a necessidade do pré-jejum para a pesagem.
A fase de terminação de bovinos em confinamento está diretamente relacionada à viabilidade econômica da atividade, em que são levados em conta o preço real diferenciado da carne bovina na entressafra, o alto ganho diário de peso e o custo de produção compatível com a expectativa de preço do mercado.
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