A influência do setor agropecuário na economia brasileira é inquestionável. Levando-se em consideração as séries estatísticas históricas, observa-se que o setor primário tem respondido por volta de 10% de toda a riqueza gerada no Brasil. Quando se computam todos os setores que são impactados, ou seja, quando são consideradas todas as transações que ocorrem ao longo das cadeias produtivas, no que se costuma chamar de agronegócio, historicamente observa-se que em torno de 30% do que é produzido no Brasil tem origem, de alguma forma, na agropecuária.
Segundo dados do Censo Agropecuário Brasileiro de 2006, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no Brasil, cerca de 32 milhões de pessoas moram na zona rural, sendo que 47% da população rural brasileira vivem na região Nordeste. Ou seja, cerca de 15 milhões de pessoas vivem na zona rural do semiárido nordestino. A segunda região com maior população rural é a região Sudeste que abriga 6 milhões de pessoas nos seus diversos recantos. É sabido que a renda de um estabelecimento rural no Nordeste gera a metade da renda bruta de um estabelecimento do Sudeste, reforçando a desigualdade e assimetria social e econômica do Brasil.
Diante do cenário de desigualdade e de falta de oportunidade que caracterizam o Brasil, em especial o meio rural, urge a necessidade de se encontrar alternativas viáveis de geração de emprego e renda para as diversas regiões do país. A caprinocultura apresenta-se como uma dessas alternativas que pode ser utilizada para mudar o cenário de pobreza que tem caracterizado a zona rural do Brasil ao longo da história.
A caprinocultura é uma atividade que pode ser explorada em qualquer um dos 5.554 municípios brasileiros. Segundo o Censo Agropecuário de 2006, existem 7.109.052 cabeças de caprinos no Brasil que estão espalhadas por todas as 508 microrregiões brasileiras. Existem 286.553 estabelecimentos que criam caprinos no Brasil, resultando em um número médio de 25 animais por estabelecimento. De outro lado, os 18.008 estabelecimentos que produzem leite de cabra prospectaram em 2006, cerca de 21.275.000 litros de leite, indicando que cada estabelecimento produz 1.181,41 litros por ano. Transformando em produção diária, observa-se que cada propriedade produz, em média, cerca de 3,24 litros de leite de cabra por dia.
Isto posto, pode-se concluir que a caprinocultura é uma atividade predominantemente de pequenos e médios produtores e que pode ser estimulada em todos os municípios brasileiros, do Oiapoque ao Chuí. Logicamente, levando-se em consideração as aptidões naturais inerentes a cada região. Portanto, a criação de caprinos apresenta-se como uma alternativa viável de geração de emprego e renda e como uma ferramenta eficiente para diminuir a concentração de renda no Brasil, em especial no meio rural. Para tal, faz-se necessário que os tomadores de decisões políticas vislumbrem e acreditem nas oportunidades proporcionadas pela atividade.
Espedito Cezário Martins
Pesquisador da área de Socioeconomia
Embrapa Caprinos e Ovinos
Fonte: IEPC
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