sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O império americano do grão amarelo

É dos Estados Unidos que sai a maior parte do milho e da soja consumidos no mundo. As casas de campo são grandes e confortáveis. Nessa época do ano, os jardins ficam ainda mais coloridos, com as folhas amareladas do outono e mais divertidos, com as decorações de halloween, a festa das bruxas, uma tradição americana. Já o trabalho no campo é igual em qualquer lugar do mundo. É época de colheita da soja e do milho, que juntos devem passar dos 410 milhões de toneladas nesta safra! Só de milho, são 321 milhões de toneladas. Nossa equipe passou por quatro estados americanos, que integram o chamado Corn Belt, o cinturão do milho: Illinois, Indiana, Iowa e Minnesota. Foram 2.500 quilômetros conhecendo propriedades, conversando com produtores e empresários. A primeira fazenda que visitamos fica em Rensselaer, no estado de Indiana. Encontramos os irmãos Scott e Jeff Green na lavoura. Já era fim de tarde, e eles estavam colhendo parte dos 1300 hectares que têm plantados com milho. Scott conta que a colheita na fazenda vai até o anoitecer e que no dia seguinte, bem cedo, os trabalhos recomeçam. Super safra, super máquinas e alta velocidade na lavoura. A luz do sol já se foi, mas o serviço continua. A pressa é para aproveitar os preços, hoje nas alturas. Na bolsa de Chicago a soja está valendo cerca de vinte por cento mais do que valia nesta mesma época do ano passado e o milho quarenta por cento mais.
O diretor da bolsa, Fred Simon, disse que o momento é muito bom para a agricultura, porque a demanda por proteína tem aumentado no mundo, e para que mais carne seja produzida, é preciso ter cada vez mais grãos. No campo, a comercialização está acelerada. Os agricultores estão colhendo e vendendo rapidamente a produção para aproveitar os preços. Num terminal de embarque de exportações, que fica à beira do rio Illinois, por exemplo, a capacidade dos silos é para 100 mil toneladas, mas apenas 20 por cento do espaço está sendo aproveitado.
David Hillard é o diretor, ele conta que até a qualidade do grão está colaborando para as vendas. O milho vai para os armazéns. Já a soja, segue direto para a exportação. A soja passa por uma tubulação e é descarregada em navios. É assim, por hidrovias, que a maior parte da safra norte americana é transportada. A soja vai para o Golfo do México e de lá, para a China.
Nos Estados Unidos, a ferrovia e a rodovia também funcionam bem para o escoamento da produção. Ao lado da lavoura, o trem passa carregado com grãos recém colhidos. A estrada rural tem asfalto até a porteira da fazenda. Quanto aos caminhões, a carroceria é toda fechada, inclusive na parte de cima, para evitar desperdício.
Um terço do milho produzido nos Estados Unidos é destinado para a produção de etanol. São 120 milhões de toneladas, mais do que as safras do Brasil, da Argentina e do México juntas. Hoje, nos postos de combustíveis americanos, a energia renovável é misturada na gasolina. Este mês o governo americano anunciou um aumento de 10% para 15% nesta mistura, o que vai significar a necessidade de mais 20 milhões de toneladas de milho para o ano que vem. O aumento da demanda pelo milho já começa a refletir no mercado e na indústria.
Numa máquina que ainda está em testes, além de colher os grãos, a palhada também é utilizada para formar um pacote de silagem, que será usada para alimentação animal, e até para etanol. O uso da palha seca vira o chamado etanol de segunda geração. Com o crescimento da demanda por milho, aumenta também a expectativa do produtor por preços ainda melhores. É o caso de Ken Peart, agricultor de Scales Mound, Illinois. “Os preços estão bons. A soja já está indo para os terminais e o milho deve ir em seguida", comentou. Plantar milho é o que o produtor americano sabe e gosta de fazer. A produtividade média nos Estados Unidos ficou em 10.500 mil por hectare no ano passado, mais do que o dobro da produtividade média do Brasil. O agricultor Michael Wegner tem 800 hectares. É tanto milho que a lavoura chega até a porta de casa. "O milho está com pouca umidade, garantida pelo tempo seco”, disse o agricultor.Quando pergunto sobre a bela casa que fica ao lado da lavoura, ele diz: “nós gostamos de boas coisas, nós não temos medo de gastar dinheiro para fazer o que queremos, nós trabalhamos muito, e por isso, temos direito de nos divertir. Em compensação olha aí, toda nossa família tem casas novas!". A demanda maior por milho para etanol nos Estados Unidos baixou os estoques mundiais. Hoje, eles estão dez por cento menores do que no ano passado.

fonte: G-1

Nenhum comentário:

Postar um comentário