O Rio Grande do Norte registra queda livre na produção e exportação de camarão nos últimos sete anos. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Criadores de Camarão, Itamar Rocha, a produção caiu 90% comparado com o ano de 2003. Enquanto neste ano o Estado exportou, no primeiro semestre, 5,7 milhões de dólares de camarão, em 2003, o geral foi superior, US$ 100 milhões.
Esse declínio tirou do RN o posto de maior produtor de frutos do mar do país, que agora pertence ao Ceará. Segundo o sub-secretário de pesca do Estado, Antônio-Alberto Cortez, somente nos últimos dois anos as exportações caíram 80%. Ele ainda contesta os números divulgados pelo governo, afirmando que as exportações, em números reais, foram de apenas US$ 1.438,220. "Só vendemos para o exterior 45,7 mil quilos de camarão", disse.
A saída para os produtores foi o mercado interno que hoje consome 95% de toda a produção. Os problemas no setor, segundo Itamar, começaram com a falta de incentivo do governo e se alastraram com os dois últimos invernos que destruíram fazendas inteiras de criação do produto.
Ele explica que as três maiores fazendas foram afetadas drasticamente, reduzindo a produção em 2 mil hectares. "A Camanor vendeu a empresa do litoral norte, já a Maricultura Tropical e a Potiporã sofreram desaceleração", disse Itamar, acrescentando que esta última reduziu a produção de 960 hectares para pouco mais de 100.
No município de Pendências, a situação da Potiporã é lastimável. A empresa que está instalada no local há quase dez anos fechou as portas deixando centenas de pessoas sem emprego. Francisca Micarla da Silva foi a única que sobrou do batalhão de mulheres que atuavam diariamente nos galpões da indústria. Agora na portaria, que nunca abre porta alguma, ela lembra dos tempos recentes em que havia dois turnos em atividades.
"Era preciso muitas mulheres para dar conta do trabalho. Além de nossa produção, recebíamos camarão da Maricultura, Camanor e outras empresas menores de Mossoró e Região", conta.
Antônio-Alberto explica que atualmente a produção do crustáceo se resume a pequenas carciniculturas pulverizadas por todo o Estado, desde a região de Mossoró, até Canguaretama e Arez. A expectativa para o retorno da produção, como antes, se volta agora para a construção da barragem de Oiticica, no município de Jucurutu, que evitaria a repetição das enchentes no Vale do Açu.
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