A venda de matrizes para novos criadouros ou para o abate é o objetivo da atividade, que pode ser explorada em sítios e chácaras
POR JOÃO MATHIAS I CONSULTOR FÁBIO M. HOSKEN *
A criação de animais silvestres, além de contribuir para preservar as espécies, também pode ter finalidade comercial. Uma boa alternativa de criação é o cateto, animal que corre risco de diminuir sua população. O cateto (ou catitu) que vive em cativeiro beneficia-se de um ambiente saudável para se reproduzir e se desenvolver, enquanto seu criador pode contar com uma boa fonte de renda.
A venda de matrizes para formação de novos criadouros é a finalidade mais rentável da criação para o produtor de catetos. No mercado, paga-se cerca de R$ 900 por animal que já esteja adaptado à vida no cativeiro, incluindo nota fiscal e chip.
Dos exemplares que vão para o abate, com média de R$ 12 pelo preço do quilo vivo, são aproveitadas as carnes para alimentação e o couro para a confecção de bolsas, jaquetas, luvas e outros itens de vestuário.
A carne de cateto tem registrado consumo crescente no mercado nacional. Com baixos níveis de colesterol, pouca quantidade de gordura e paladar suave, a proteína tem sido bem aceita pelos brasileiros e na alta gastronomia. Bastante valorizada, chega ao varejo com preços superiores aos das carnes suínas e bovinas.
Uma importante vantagem na criação de cateto é que o seu manejo não tem custo alto. Inclusive, piquetes cercados podem ser implantados em áreas de vegetação densa, como matas e cerrados, gerando receitas sem desmatar.
Para reduzir gastos com a alimentação, os criadores têm a opção de contar com o próprio plantio de frutíferas, como banana e manga, e outras culturas, como abóbora, mandioca, milho e cana-de-açúcar.
Em um criadouro modelo para 30 matrizes, são necessários quatro piquetes de 50 por 50 metros, incluindo as fases de recria e engorda. De acordo com a eficiência e o manejo correto, a produção anual chega de 60 a 80 animais.
Conhecido como porco-do-mato ou pecaris, o cateto tem grande semelhança com o queixada, outro animal indicado para a criação em cativeiro. As pernas são delgadas, o corpo é coberto por pelos pretos com anéis brancos e o focinho é alongado.
No pescoço, há uma concentração de pelos brancos que formam um colar. O adulto mede de 0,75 a 1 metro de comprimento e de 0,40 a 0,45 metro de altura, com peso variando de 15 a 32 quilos.
De hábito gregário, com formação de bandos de até 20 animais, o cateto é encontrado em seu hábitat natural em florestas tropicais úmidas nos países da América do Sul, a leste dos Andes e da América Central e no sul dos EUA.
Mãos à obra
- INÍCIO
Encaminhe a documentação e o projeto técnico elaborado por um profissional especializado ao órgão gestor da fauna do Estado, que é o local responsável para obter autorização para a criação. Mas, somente após vistoria e aprovação das instalações, os animais devem ser adquiridos e alojados no cativeiro.
- AMBIENTE
O cateto vive bem em diferentes regiões e sob climas diversos. O criadouro deve possuir pasto e vegetação arbustiva, mas, caso não haja muita sombra, faça abrigos artificiais.
- SISTEMA
O mais recomendado é o semi-intensivo, que não necessita de desmatamento. Os piquetes são feitos dentro do próprio bioma – quanto mais árvore melhor. Também pode ser adotado o sistema intensivo, que permite aproveitar instalações já existentes na propriedade e demanda o uso de baias e de piso cimentado.
- ESTRUTURA
Um piquete ideal deve ter uma cerca de 1,60 metro de altura, feita de tela tipo alambrado, com malha de 5 centímetros e arame fio 14, apoiada a cada 2 metros em postes de concreto ou de madeira. Cada piquete possui um pequeno curral chamado brete de manejo, onde a alimentação é servida em cochos e a contenção realizada com equipamento apropriado. Evite a fugas dos catetos por baixo da tela instalando um baldrame. Enterre com 20 a 30 centímetros de profundidade uma viga de concreto na base do alambrado, fixando a tela.
- ALIMENTAÇÃO
Um cateto adulto consome, em média, 700 gramas de alimentos por dia. A dieta deve contar com 35% de volumoso, como cana-de-açúcar inteira e folhas de bananeira, e 65% de um complemento variado de mandioca, batata-doce, frutas, milho, hortaliças, caule de bananeira e vários outros subprodutos, como resíduos de agroindústrias (soro de leite e vísceras de abates). Inclua uma mistura farelada e preparada no local à base de rolão-de-milho, soja e trigo. A ração comercial para suínos com 13% de proteína bruta é um substituto. A água é fornecida em bebedouro de alvenaria com 2 por 1 metro e 40 centímetros de profundidade. Se optar pela versão automática, calcule duas unidades por recinto.
- REPRODUÇÃO
Ocorre durante o ano todo. O período de gestação é de 145 dias, com nascimento de um ou dois filhotes por parto. Aos 3 meses, os filhotes devem ser desmamados, marcados e sexados e, então, transferidos para o piquete de crescimento e engorda, idêntico ao de reprodução. Ali serão recriados até a comercialização. Aos 12 meses, o animal atinge de 23 a 28 quilos e está pronto para ser vendido.
- RAIO X
Criação mínima: 1 macho e 6 fêmeas em área de, pelo menos, 800 metros quadrados
Retorno: 3 anos
Reprodução: 2 vezes ao ano, com média de 1,5 filhote por parto
*Fábio M. Hosken é zootecnista e consultor para criação de animais silvestres e projetos, tel. (31) 8479-8949, planetarural@terra.com.br, www.zooassessoria.com.br
FONTE: http://revistagloborural.globo.com/vida-na-fazenda/como-criar/noticia/2016/02/como-criar-cateto.html
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