Que abelha devo criar, européia ou africanizada?
Essa pergunta é nitroglicerina na apicultura brasileira. Desconheço algum estudo formal que tenha comparado o desempenho das duas raças no Brasil, mas os relatos informais de apicultores que tentaram trabalhar com européias (inclusive eu) sistematicamente indicam produtividade e agressividade significativamente menores do que as das africanizadas.
No entanto, ainda pairam dúvidas sobre a qualidade das européias testadas por aqui, grande parte delas proveniente de um mesmo fornecedor brasileiro. O sucesso das européias em outros países, inclusive de clima mais quente, como a Austrália, entusiasma muitos criadores, embora muito mais no plano teórico do que no prático.
Por enquanto, a criação de africanizadas parece ser quase um consenso nacional, apesar de algumas vozes contrárias. O argumento decisivo é a rusticidade muito maior das africanizadas, que podem ser criadas sem nenhum medicamento, o que não ocorre com as européias, em quase todo o resto do mundo.
Uma lista parcial das vantagens e argumentos favoráveis a umas e outras encontra-se a seguir:
Pró Africanizadas:
· Estudos já confirmaram que a africanizada é uma abelha mais rústica, menos sujeitas a doenças. Por exemplo, a podridão de cria americana, que atinge colméias européias argentinas, nunca chegou aqui.
· Talvez pelo mesmo motivo, o comportamento higiênico mais apurado, parasitas como a varroa, que infernizam as européias, não costumam causar maiores prejuízos às africanizadas. É verdade que o clima quente da maior parte do Brasil é desfavorável à varroa, mas alguns estudos já determinaram a superioridade das africanizadas em condições idênticas.
· Por essa razão, é possível manter-se um apiário de africanizadas mais natural, sem o uso de medicações, o que é uma grande vantagem. Pelo que se sabe de outros países, essa é uma situação bastante incomum em colméias européias, que normalmente dependem de antibióticos e acaricidas para se manter produtivas.
· A maior agressividade das africanas é às vezes uma aliada do apicultor, pois dificulta o roubo das colméias.
· Diversos relatos informais de apicultores brasileiros dão conta que a produtividade das africanizadas é, quase sempre, muito maior do que a das européias.
Pró Européias:
· São muito menos agressivas. Demoram mais a iniciar um ataque, atacam com menos abelhas, perseguem a vítima por uma distância muito menor e recompõem-se em um tempo muito menor do que as africanizadas.
· Têm menor propensão a enxamear.
· Têm menor propensão a abandonar o ninho.
· Pilham menos.
· Quando um quadro é manipulado, comportam-se mais calmamente, sem correrias frenéticas de um lado para outro. Isso facilita muito o manejo em geral e a localização da rainha, especificamente.
· São maiores e carregam cargas maiores - precisam de menos viagens para colher a mesma quantidade de néctar, por exemplo.
· Vivem mais.
· Muitos países que usam apenas européias têm produtividades médias que chegam a três ou quatro vezes a do Brasil.
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