A própolis, substância fabricada pelo inseto para construir colméias, também ataca bactérias que se alojam na boca.
O mesmo inseto que produz uma das maiores fontes de cárie guarda o segredo para erradicá-la. A própolis, fabricada pelas abelhas para construir colméias, também é capaz de eliminar as bactérias que se alojam na boca. Estudo feito com humanos por pesquisadores da Unicamp, em Campinas (SP), mostrou que a substância reduz em 40% a placa bacteriana. Em testes com animais, o percentual foi de 60%. Os cientistas querem, agora, desenvolver uma pasta de dente ou uma solução para bochecho que contenha própolis e, assim, ajudar a baixar a incidência do maior inimigo da saúde bucal. Em média, uma criança de 12 anos tem dois dentes cariados.
O engenheiro de alimentos Michel Hyun Koo viajou por todo o país coletando abelhas das cinco regiões brasileiras. Entre ferroadas e arranhões, conseguiu colher 2.500 amostras de própolis. Depois de meses passados em florestas e no cerrado, o pesquisador voltou ao laboratório da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, no interior de São Paulo, e analisou as amostras. Identificou cerca de 100 componentes, dos quais dois se mostraram potentes armas contra a bactéria Streptococcus mutans, hóspede mais assíduo da boca.
Enzima - As duas substâncias agem sobre uma enzima da bactéria considerada vital para sua sobrevivência, a GTF. A enzima quebra o açúcar que serve de alimento para as abelhas, permitindo a produção de glucano, uma espécie de cola biológica usada pelos insetos para se fixar à superfície. ''É assim que a bactéria se gruda ao dente. Ela, então, passa a secretar ácido, que corrói o dente, formando a cárie'', explica o dentista Jaime Cury, também da Unicamp, que participou do estudo com Koo.
Os primeiros testes foram feitos em laboratório, quando a própolis eliminou 95% das bactérias. No entanto, nem tudo o que acontece dentro de tubos de ensaio se repete no mundo real. Depois dos testes com ratos - nos quais a substância suprimiu 60% da placa bacteriana -, a própolis perdeu um pouco de sua eficácia. Em humanos, reduziu em 40% a incidência de Streptococcus mutans. Mas os pesquisadores não desanimaram. ''É um resultado excelente, melhor do que as substâncias hoje disponíveis'', diz Cury.
Para os testes, foram recrutados seis voluntários. Todos ficaram sem escovar os dentes por 72 horas e cinco vezes ao dia bochechavam uma solução com sacarose (açúcar) para estimular o crescimento das bactérias. Metade dos participantes também bochechava uma solução com própolis duas vezes por dia. O restante bochechava apenas água. Após os três dias, os pesquisadores verificaram que o grupo da própolis apresentava 40% menos bactérias que o grupo da água. Uma semana depois, o experimento foi invertido - voluntários que beberam água beberam própolis. O resultado foi o mesmo. ''Isso prova a confiabilidade do estudo'', enfatiza o dentista.
Eficiência - Além de eliminar as bactérias, a própolis conseguiu inibir a formação do glucano em 75%. De acordo com Cury, a clorexidina - substância usada no tratamento anticárie hoje - elimina 70% da placa bacteriana, mas reduz a cola biológica em apenas 45%. ''Desse ponto de vista, a própolis é mais eficiente, pois não deixa a bactéria se instalar'', afirma o pesquisador.
As abelhas mais promissoras são as que habitam o Rio Grande do Sul e Minas Gerais. ''A composição da própolis varia de acordo com o material usado pelas abelhas para fazê-la. A vegetação local é um importante diferencial'', ensina Koo. As abelhas retiram da seiva da planta as substâncias necessárias à produção da própolis. Cada tipo de vegetação tem sua própria seiva. O próximo passo da pesquisa, que ficará a cargo do pesquisador Yong Park, também da Unicamp, será identificar os componentes presentes na própolis das abelhas gaúchas e mineiras na mata característica daqueles estados. O estudo já rendeu a Koo o prêmio de prevenção da Associação Internacional de Pesquisa Dental, no início do ano.
Atualmente, o pesquisador está na Universidade de Rochester, nos Estados Unidos, aprimorando análise química das amostras coletadas no Brasil. As duas universidades entraram com pedido de patente dos componentes identificados na própolis.
gostaria de saber,aonde pegaram essa abelinha?
ResponderExcluirOlá Renata,
ResponderExcluirparabéns pelo blog!!
Sou aluno do curso de Ciências Agrárias(UFPB),e encontrei esse blog pesquisando sobre raças de equinos.Após fazer as minhas anotações pude ver que esse blog é muito interessante!!
Com relação a postagem sobre as abelhas,que produzem a própolis,utilizada amplamente na indústria farmacêutica,eu achei bem interessante essa divulgação,pois as abelhas tem uma grande importância,para o meio-ambiente e para a geração de renda ,principalmente nas pequenas propriedades rurais.
Abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.