quarta-feira, 30 de março de 2011

Ritual de pesca de tribo indígena corre perigo por hidrelétricas

Situação é ainda mais grave pelo fato de que os índios Enawenê-nawê, de Mato Grosso, não se alimentam de outro tipo de carne
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A tribo indígena Enawenê-nawê começou seu ritual de pesca anual com o temor de que as cerca de 80 represas projetadas para o rio Juruena, em Mato Grosso, destruam os peixes dos quais dependem para subsistência, indica a organização não-governamental britânica Survival.
O ritual Yakwa é reconhecido pelo Ministério da Culturacomo parte do legado cultural do Brasil, mas no ano passado, pela primeira vez, não pode ser realizado porque a tribo praticamente não encontrou peixes devido às obras no rio. 
A empresa construtora das represas, que armazena a água para usinas hidrelétricas, teve de comprar 3 mil quilos de peixes para a manutenção da psicultura local. Algumas dasrepresas projetadas são financiadas pelo Grupo André Maggi, um dos maiores produtores de soja do mundo, pertencente ao senador Blairo Maggi. 
Durante o ritual Yakwa, os índios passam vários meses na floresta, construindo complicadas represas de madeira nos rios para capturar os peixes, antes de levá-los de canoa a suas aldeias. Esse ritual faz parte da cultura espiritual da tribo, além de ser essencial para a subsistência dos índios locais, já que os Enawenê-nawê não comem outros tipo de carne. 
A tribo dirigiu uma carta à ONU em que diz: "não queremos que as represas sujem nossas águas, matem nossos peixes, nem que nossas terras sejam invadidas". A tribo não deu autorização para a construção das polêmicas represas e realizou manifestações de protesto. 
"É irônico que um ritual como o de Yakwa, reconhecido como parte do legado cultural do Brasil, possa deixar de existir muito em breve. Toda uma forma de vida corre perigo", advertiu o diretor da Survival, Stephen Corry.

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