Quando falamos em manejo de dejetos de animais de produção já sabemos que não podemos generalizá-lo quanto à espécie do animal, característica do material, forma de tratamento e nem mesmo quanto a estação do ano.
O que se sabe é que o primeiro passo a ser dado é o planejamento do manejo dos dejetos, de preferência, durante a implantação do empreendimento. Caso este planejamento não tenha sido considerado naquele momento, cabe ao empreendedor agora uma atenção adequada à questão, o que poderá determinar, uma hora ou outra, a viabilidade da produção animal.
E é nas épocas de chuvas intensas, como neste início de ano, que é necessário uma preocupação redobrada da nossa parte para estas questões. Chuvas fortes e contínuas prejudicam não só o manejo dos dejetos dentro das granjas como o seu tratamento, seja ele qual for.
O manejo de retirada dos dejetos tanto para avicultura de corte quanto de postura será influenciado pelas ocorrências de chuvas e pela umidade do ar. Níveis de umidade do ar acima de 60% já causam transtornos antes mesmo dos dejetos virem a ser tratados. Teores altos podem ocasionar cama/ esterco úmidos e sem capacidade de perda de agua, além da dificuldade de transporte e de manipulação.
Já fortes incidências de chuvas contínuas elevam a percepção dos odores, o aparecimento de poças d'água, de moscas e de outros insetos oportunistas, além da dificuldade do manejo pela consistência do material molhado com alto teor de gorduras.
Outros problemas surgem durante o transporte que geralmente é realizado em carriolas, tratores ou caminhões. Todo o trabalho de transporte fica comprometido, seja molhando o material, prejudicando o bem-estar do trabalhador e dificultando a circulação das máquinas em vias ou em rodovias.
Quando pensamos em tratamento dos dejetos, é quase impossível imaginar o dia-a-dia sob as chuvas que veem ocorrendo no sudeste. Podemos citar inúmeros problemas ocasionados pelas chuvas durante o processo de compostagem, que é o método mais indicado e comum para os dejetos da avicultura. Em princípio, a compostagem não se realiza sob chuva intensa pois a umidade da pilha ou da leira aumenta, a temperatura cai e pontos de anaerobiose aparecem, o que compromete todo o processo aeróbio.
Outra alternativa para os períodos chuvosos é a biodigestão anaeróbia. Nela, os dejetos são introduzidos nas câmaras fechadas da forma com que chegam, seja sólido, pastoso ou líquido. Na maior parte das vezes não há a necessidade de correção da relação C/N com adição de outros materiais, apenas o dejetos e a água. Porém, o planejamento deve ser rigoroso e a operação dos biodigestores deve levar em consideração o período e a frequência do desabastecimento, pois o efluente é líquido e seu destino é a aplicação no solo como fertilizante, o que na época de chuvas se torna inviável.
Outros tratamentos devem ser considerados no momento do planejamento, para serem utilizados durante esta época sob a supervisão de um técnico responsável. Enfim, qualquer tratamento de dejetos ao ar livre estará integralmente comprometido durante o período de chuvas e o planejamento correto além do gerenciamento integral serão determinantes para eliminar as dores de cabeça.
Por Karolina Von Zuben Augusto - doutoranda em Engenharia Agrícola na Unicamp (Feagri Unicamp) e assessora técnica em projetos de tratamento de dejetos e de aves mortas em granjas de frangos de corte e de postura comercial.
Avicultura Industrial
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