sábado, 6 de novembro de 2010

Raça pé duro pode melhorar a qualidade da carne

Dentre os fatores que determinam a qualidade da carne estão os atributos organolépticos e, dentre esses, a maciez é o mais valorizado pelo consumidor. Sabe-se que o genótipo do animal é um dos fatores ante-mortem que atuam sobre a maciez da carne e que, em razão do clima predominante no Brasil, cerca de 80% do rebanho bovino é de gado Zebu ou de animais azebuados que, reconhecidamente, apresentam níveis inferiores de qualidade de carne, especialmente maciez, quando comparados com os taurinos.
Vários trabalhos indicam que a maciez da carne diminui com o aumento da proporção de Zebu nos animais e alguns autores relatam que estes animais não deveriam ter mais de 25% de gado zebuíno. A existência de raças taurinas adaptadas abre perspectivas de se aumentar a proporção de Bos taurus nos animais sem reduzir a adaptação às condições das regiões de clima tropical e subtropical, para obter uma carne mais macia, o que atenderia aos anseios do mercado consumidor. Para isso, é necessário avaliar estratégias de utilização de recursos genéticos para as várias regiões e os diversos sistemas de produção do País.
O projeto de “Cruzamento entre raças bovinas de corte”, conduzido pela Embrapa, tem o objetivo de avaliar estratégias de utilização de recursos genéticos animais para produção eficiente de carne bovina de qualidade, em diferentes regiões do País. Também será estudado o desempenho de cruzamentos envolvendo a raça Nelore e raças taurinas adaptadas e não-adaptadas visando à obtenção de animais precoces e produtores de carne macia de boa qualidade, adaptados às condições tropicais e subtropicais.
Esse projeto componente tem cinco planos de ação em que são avaliadas diferentes estratégias de cruzamentos entre raças bovinas (taurinas adaptadas e não-adaptadas e zebuínas), específicas para cada uma das regiões consideradas no projeto. O que se pretende é avaliar os resultados ao após o aumento da proporção de Bos taurusem cruzamentos com zebuínos além de 50%, visando à melhoria da qualidade da carne quanto à maciez, principalmente, sem reduzir a adaptação às condições locais de ambiente.
Os planos de ação são desenvolvidos pela Embrapa Meio-Norte, em Teresina; Embrapa Gado de Corte, em Campo Grande; Embrapa Pecuária Sul, em Bagé; e Embrapa Pecuária Sudeste, em São Carlos; e terão atividades executadas também na ESALQ/USP, em Piracicaba; IZ/SP, em Nova Odessa; e FCAV/UNESP, em Jaboticabal.
O projeto fornecerá alternativas de utilização de recursos genéticos adaptados, visando à produção de carne de qualidade, com redução do ciclo de produção e do uso de produtos químicos no combate a parasitas. O Plano de Ação conduzido pela Embrapa Meio-Norte, denominado Cruzamento para otimizar o desempenho materno e reprodutivo de vacas de corte e a qualidade da carne na região Nordeste, busca avaliar os produtos de cruzamento entre Nelore e Pé-Duro.
Este projeto já se encontra no segundo ano e terá duração de quatro ciclos reprodutivos. Os tratamentos se dividem em três lotes de cruzamentos, Nelore x Nelore, Nelore x Pé-Duro e Pé-Duro x Pé-Duro. Os produtos dos respectivos cruzamentos terão seu desempenho ponderal e resistência a parasitas avaliados e, após confinamento terminal, suas carcaças e a maciez da carne serão avaliadas. Os resultados finais, se favoráveis, poderão colocar os bovinos da raça Pé-Duro dentro do competitivo mercado de carnes, como uma alternativa para cruzamentos nas regiões semiáridas e tropicais.

FONTE: Portal Dia de Campo

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