O Brasil é um gigante no setor avícola. É o maior exportador mundial de carne de frango, o terceiro maior produtor e o sétimo maior produtor de ovos do mundo. Mais de cem países compram carne ou ovos de aviários brasileiros. As exigências do mercado são muitas e os produtores precisam ficar atentos a todas elas. A nutrição dos animais e as condições de instalação dos aviários são as que mais preocupam e devem ser feitas com cuidado. Muitos produtores de ovos são familiares, então, outro ponto importante deste setor é a união da produção através de cooperativas e associações que garantem a estabilidade na oferta de ovos aos consumidores.
O analista da Embrapa Suínos e Aves, Marcio Saatkamp, que é formado em desenvolvimento rural sustentável e agroecologia, diz que a primeira coisa que os produtores de ovos devem se preocupar é em conhecer a linhagem dos seus animais. Ele explica que as empresas de genética fazem diversos estudos com as aves e produzem manuais específicos para cada linhagem. O produtor deve solicitar este manual na hora da compra dos seus animais e verificar os cuidados de manejo específicos. A nutrição está diretamente ligada à produção de ovos e a dieta oferecida aos animais deve ser seguida rigorosamente ao que é recomendado para cada linhagem. Não adianta o produtor pegar conselho com vizinhos que criem outros tipo de aves ou com diferentes genéticas porque a alimentação deve ser pensada de forma específica. Ele lembra que devem ser oferecidos sempre alimentos de alta qualidade como farelo de soja ou milho para que o máximo potencial produtivo de ovos seja alcançado.
"Procuramos enfatizar aspectos como a nutrição, que está ligada diretamente à produção de ovos. O manejo da instalação, regulagem de equipamento e a cortina de temperatura são muito importantes. Estamos em uma época de frio agora e só porque as aves são adultas não significa que os produtores devam deixar de protegê-las do frio. Ele deve colocar cortinas laterais para controlar a oscilação de temperatura porque pode alternar muito de período chuvoso para calor, frio. Um dia está muito quente outro ta muito frio, então o ideal é utilizar uma tela neste aviário para equilibrar esta temperatura. Muitas vezes o pessoal esquece a água e ele é um nutriente fundamental. Sem água não há produção de ovos nem há vida. Fornecer água de boa qualidade para as aves é muito importante. Se as aves são soltas é legal colocar um substrato no solo como cama para que ela tenha um conforto maior que simule a vida dela ao natural", explica o analista da Embrapa Suínos e Aves.
A questão sanitária também é muito importante. Saatkamp diz que o Brasil é exemplar na questão de biosseguridade, mas que os produtores devem ficar sempre atentos para continuar evitando que as doenças entrem em suas propriedades porque quando elas afetam os animais, os danos são muito graves e podem provocar a suspensão da compra de ovos brasileiros. Uma medida importante é o uso de telas de proteção contra outros pássaros que possam entrar no aviário e disseminar doenças ou até consumir a ração das galinhas poedeiras. Ele também alerta para a exclusividade na produção, ou seja, se o produtor cultiva ovos não deve criar, no mesmo espaço, outros tipos de aves ou de animais, para evitar contaminações.
"Nós temos várias questões na instalação. Não é para o produtor fazer uma instalação que ele ache bonita ou prática para ele porque tem que ser analisada do ponto de vista da ave. Recomendamos um pé-direito de três metros de altura para que não haja muito problema de calor porque instalações mais baixas podem gerar problemas sérios de calor que vai afetar diretamente a produção de ovos. Se você não tomar cuidado e colocar muitas aves por metro quadrado você acaba tendo uma série de problemas porque elas vão começar a se agredir, não vão produzir direito, isso com as aves soltas no aviário. Para o pequeno produtor trabalhar tranquilamente sem problemas quanto à densidade eu recomendo 6 aves adultas por metro quadrado", recomenda.
Uma questão importante para os pequenos produtores de ovos, segundo Saatkamp, é o planejamento da produção. Ele diz que os produtores brasileiros precisam criar a cultura de trabalhar em grupos para oferecer mais estabilidade ao mercado comprador. Quando há trabalho em conjunto, eles conseguem se unir para fazer grandes vendas e ganhar novos mercados. Além disso, conseguem fazer compras em maior quantidade para a alimentação dos animais e, principalmente, insumos usados para o aviário.
"O nosso pequeno produtor ainda não tem o hábito de se atualizar sobre a produção de ovos, de procurar saber o que está acontecendo, o que tem de novo. É preciso parar pra pensar “será que eu tenho espaço para produzir tantas aves, tenho recursos? Vou poder dar alimentação suficiente, tenho mercado?” Tudo isso deve ser pensado para os produtores não ficarem com dívida. Eles precisam aprender a trabalhar em cooperativas para oferecerem estabilidade de produção ao mercado. Em algum momento, o produtor vai precisar fazer a limpeza do aviário e precisa de um vazio sanitário de 15 dias antes voltar à produção. Nesse tempo o cliente que compra os ovos vai ficar sem o fornecimento e não vai mais querer comprar deste produtor. Em sistema de cooperativa, os produtores suprem estas necessidades. Enquanto um está passando por esta época de vazio sanitário ouro produtor da cooperativa pode fazer este fornecimento e, com isso, ele não perde mercado", ensina Saatkamp.
Portal Dia de Campo
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