sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Carne argentina perde toda uma década


A produção e a exportação de carne bovina da Argentina neste ano devem voltar aos níveis de 2000, previu Héctor Salamanco, diretor-executivo do Consórcio de Exportadores de Carnes Argentinas, durante o 18º Congresso Mundial da Carne, que ocorre em Buenos Aires, na Argentina.
As políticas de retenção à exportação pelo governo argentino a partir de 2006 e a forte seca em 2008, que teve "um efeito devastador" sobre o rebanho , explicam em parte esse cenário. De acordo com Salamanco, a quebrado Lehmanb Brothers, que afetou economias ao redor do mundo, também teve um forte impacto. "Foi um coquetel. As pessoas que tinham gado se viram precisando vender os animais porque não tinha pasto. Além disso, sem boas perspectiva para a economia, decidiram reduzir o rebanho".
O resultado é que a produção este ano deve ficar na casa de 2,650 milhões de toneladas de carne bovina ante 2,7 milhões de toneladas em 2009. Já a exportação está estimada em 320 mil toneladas, abaixo das 342 mil toneladas registradas há 10 anos.
Hoje, segundo Salamanco, o rebanho argentino é de estimados 48,9 milhões de cabeças, abaixo dos 51,9 milhões de 2009 e semelhante aos 48,7 milhões de 2000. O abate também está em níveis iguais: 12 milhões de cabeças em 2010 e 12,4 milhões há 10 anos. No ano passado, foram 16,1 milhões de animais abatidos na Argentina.
De acordo com Salamanco, a liquidação do rebanho na Argentina começou em 2006 e alcançou 3 milhões de cabeças. Para ele, a única forma de recompor o rebanho é investir e reter as matrizes. Ele também defendeu a criação de um marco regulatório para o setor na Argentina. "Um ciclo positivo (de produção) acontece se há sinais de rentabilidade no horizonte. Esses sinais existem, mas precisamos criar um marco institucional", disse Salamanco, referindo-se a uma regulação consistente do setor.
Apesar do retrocesso na produção e na exportação o presidente do Consórcio de Exportadores de Carnes Argentinas acredita em recuperação. Ele observou que um cenário parecido já tinha ocorrido entre 2001 e 2006, quando tanto produção quanto a exportação do país caíram, mas se recuperaram rapidamente. Em 2001, lembrou ele, as perdas foram causadas por conta de casos de febre aftosa no rebanho argentino.
Valor Econômico

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