Em média, já chega a 40% a perda na produção leiteira no sul do Rio Grande do Sul. Segundo o assistente técnico regional da Emater da cidade de Bagé, Fábio Schilick, em algumas propriedades, a redução é estimada em 60%, e a situação deve piorar. A queda na produção se deve à falta de água e alimento.
— A falta de pasto gera dois principais problemas: o aumento dos custos de produção e problemas no metabolismo dos animais — explica Schilick.
O presidente do Conselho Paritário do Leite do Rio Grande do Sul, Elton Weber, ressalta que o cenário na região é desastroso. A intenção, conforme ele, é negociar ainda nesta sexta, dia 7, ou na próxima segunda, dia 10, com a Companhia Nacional de Abastecimento para a liberação dos estoques de milho ao preço mínimo, de R$ 17,40. No entanto, a redução da produção na região não deve alterar os preços a curto prazo, pois, de acordo com a Emater, á área é responsável por apenas 4% da produção gaúcha anual de 3,4 bilhões de litros.
Sem água, animais morrem
O que antes era um açude agora virou cratera. Onde só seria possível nadar, o agricultor Valois Cougo, 52 anos, faz levantar a poeira ao caminhar. Sem chuva regular desde agosto, Hulha Negra, na região da Campanha, vê a água sumir. E os prejuízos se multiplicarem.
Com um déficit hídrico de 747 milímetros nos últimos cinco meses, o município convive com sangas e açudes secos, plantações mortas e animais esqueléticos, alguns mortos.
— O gado se aproxima da água, atola, perde força e morre no sol. Perdemos cerca de 60 animais no último mês — avalia o prefeito Carlos Renato Machado.
A cena se espalha pelo interior do município. Para evitar que seus cavalos, vacas, suínos e cabras padeçam de sede, o agricultor Valois Cougo e seu irmão Carlos, 64 anos, contam com a boa vontade de um frigorífico. Dos poços artesianos da empresa, sai a água que antes era retirada do açude da família, agora seco.
— A situação é complicada. A gente só pode esperar a chuva chegar — afirma Valois, acompanhado de dois cachorros de costelas à mostra, que perambulam pelo antigo açude.
Desde que as comportas do céu fecharam, a situação dos irmãos Cougo é similar à de mais de mil famílias de Hulha Negra, que dependem da agricultura e pecuária para sobreviver. O quadro faz a prefeitura calcular os prejuízos para os seus 6 mil habitantes. A cifra beira os R$ 10 milhões.
Fonte: Zero Hora
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