quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O mercado complexo das carnes em 2011

Primeiro veio a seca nas regiões produtoras de Santa Catarina e agora é o consumo em alta que impede o preço de cair. O preço da carne, especialmente a bovina, chegou no topo de sua escalada. Em Florianópolis, a alcatra registrou um aumento de 21,4% em outubro, comparado ao mesmo mês de 2009. O lombo, considerado carne de segunda, teve um aumento ainda maior: 27,4%. Os valores da carne bovina impulsionaram os das carnes de frango e suína. A escalada tem chance de parar em dezembro, mas a queda ladeira abaixo só começará a ser sentida no próximo ano.

A oferta do produto já começou a aumentar com o fim da seca no campo, mas a demanda aquecida no consumo da carne em dezembro fará com que os preços continuem altos. Pelo menos até janeiro, quando eles devem começar a cair. Esta é a avaliação da consultora de mercado Gabriela Tonini, da Scot Consultoria, empresa especializada no setor. O ciclo no preço das carnes no Brasil é previsto pelo mercado, mas este ano apresentou outros fatores além da costumeira época de seca no campo. Segundo Bruno Andrade, coordenador do departamento técnico da Associação Nacional dos Confinadores (Assocon), a produção de boi magro e gordo caiu em 2008 e 2009 devido a ajustes no rebanho brasileiro feitos nos anos anteriores.
"Entre 2005 e 2007, tivemos um abate elevado de matriz (bovina), devido ao aumento de preços na época. A febre aftosa também afetou as exportações, o que fez com que algumas matrizes fossem vendidas para fazer caixa", revela. Essa mudança na cadeia produtiva refletiu na produção bovina preparada para o abate até 2009. No ano anterior, segundo Andrade, a retenção de matrizes começou a ser feita novamente, com a compra de novos animais e a retenção de fêmeas. "Os produtores passaram a investir mais. Daqui para frente, o rebanho vai crescer ano a ano. Algo importante porque a previsão é que a demanda alta continue", comenta Andrade.
A maior demanda por carne fez com que os produtores de Chapecó e de Rio do Sul voltassem a ganhar este ano, após um 2009 com perdas nos preços por arroba. Na outra ponta, os consumidores passaram a pagar mais. O Brasil é o terceiro maior produtor de carne bovina do mundo – atrás apenas de Estados Unidos e da Europa – e o quinto maior consumidor. A expectativa é que os mercados interno e externo sigam em crescimento. O período da seca, que começa em meados de maio e se estende até final de outubro, também contribui, anualmente, para a diminuição da oferta de carne no mercado. Com poucas chuvas, a pastagem se torna mais escassa e os bois perdem peso. Segundo a consultora Gabriela Tonini, o preço do boi subiu quase continuamente desde fevereiro, intensificando a alta em setembro."O preço subiu ao ponto de dificultar as vendas. Como dezembro é um mês com o consumo aquecido, dificilmente teremos um recuo nos preços, que devem ficar estáveis. Em janeiro e fevereiro eles podem começar a cair", projeta. As exportações de carne brasileiras, que giram em torno de 20% a 25% da produção nacional, também influenciam nos preços. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, Antonio Camardelli, afirma que o 
objetivo é que o país possa vender menos e ter mais receita como resultado de um mercado externo em recuperação.

fonte: Diário Catarinense


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